Parte 25
O
ORGULHO DE UM GIGANTE
E.5.: 1793, 6/2 VER.
Vila das 3 pilastras (próximo do
grande reino dos gigantes)
Três dias se estenderam
na viagem lenta até o vilarejo do qual Idash havia falado. Os feridos sendo
arrastados pelo dinotouro – que são os equivalentes dos gigantes aos cavalos
dos pequenos – do gigante em uma maca improvisada faziam com que o ritmo da
viagem fosse lento. À medida que se afastavam da floresta das mil lágrimas as
arvores colossais iam dando espaço a grandes planícies cobertas de pastagem.
O sol já se punha e uma
chuva intensa – que parecia uma garoa se comparada à chuva que viram na
floresta – tomara seu lugar quando finalmente conseguiram avistar as luzes do
vilarejo. Ao chegarem mais perto, perceberam que as luzes não eram tochas, mas
sim as casas pegando fogo. Os habitantes todos alvoroçados correndo de um lado
para outro; ajudando os feridos; tentando apagar o fogo; e tentando armar uma
defesa contra alguma coisa.
— Fiquem aqui e
protejam os feridos. – Disse Idash ao ver a cena. Pegou a espada e o escudo,
acenou que sim para Tina e correu para a vila. Ele correu até os guardas que
tentavam a todo custo apagar o fogo. – O que aconteceu aqui? – Antes que alguém
pudesse responder, uma rajada de fogo iluminou o céu, ateando fogo ao redor da
vila. O barulho auto de bater de asas indicava algo grande. Mais uma rajada e
fechou-se o cerco, ilhando os moradores que se abrigavam desesperados embaixo
de qualquer coisa tentando proteger as mulheres e crianças que sobraram. Mais
uma vez o som de asas batendo se fez ouvir. Lentamente algo veio descendo do
céu até pousar na pilastra gigantesca na entrada da vila. – Um dragão! Será que eu encontrei a minha
batalha final?– disse com um sorriso falso no rosto ao ver o que teria que
enfrentar – De todo modo parece que só fiquei eu entre você e a vida dessas
pessoas! – Disse acomodando o escudo no antebraço esquerdo ao ver o quão
amedrontados estavam aqueles gigantes.
Os Dragões geralmente
ficam nas montanhas e só saem de lá pra caçar na floresta das mil lágrimas, em
parte devido ao tamanho das presas lá encontradas e em parte pelo espaço entre
as arvores e galhos não atrapalharem o bater de suas grandes asas. Ataques a
vilas ocorrem sim, mas muito raramente e quase nunca lançam chamas, gostam de
comer carne fresca. Só cospem fogo quando estão ameaçados.
O rugido ensurdecedor
deixou bem claro a fúria do animal. Um pequeno impulso e lá se foi o dragão ao
ar novamente. Todos escondidos, o alvo era claramente Idash que se mantinha
firme e imponente como um gigante orgulhoso que era. O animal bateu asas numa
velocidade que desafiava o próprio tamanho em direção ao gigante. Idash se
firmou em posição de batalha e preparou o golpe, porem imediatamente o dragão
alçou o vôo para cima sumindo na escuridão do céu esfumaçado. Alguns segundos
depois, a fera deu um mergulho silencioso na direção do oponente, lançando uma
bola de fogo esmagadora. Idash estava concentrado e habilmente se esquivou da
morte que teria ao ser atingido por aquela monstruosidade de fogo que queimava
até a chuva que caia forte. Agora com o dragão voando baixo, era possível vê-lo
e imediatamente e com uma precisão de um arqueiro lançou o escudo com a força
que tinha na direção do bicho, acertando certeiramente na junta da asa esquerda.
O animal foi ao chão ainda mais furioso e agora com a dor de uma asa
inutilizada. Agora teria que lidar com a fera no chão onde tinha certa
vantagem, porém ainda era um desafio e tanto.
— Me dê tudo o que você
tem fera. Você verá do que é feito um gigante de verdade. – Comentou ao ver a
besta em fúria cair em meio aos escombros que ela mesma produziu.
O animal sacudiu a
poeira a partiu a galopes para mais um ataque feroz contra Idash. A boca se
abriu num bote que o gigante já esperava, mas antes que conseguisse cravar os
dentes em sua barriga, Idash lhe acertou um golpe de espada bem no meio da
cabeça, não o suficiente para cortar a couraça extremamente poderosa, mas
fazendo o bicho recuar a cabeça com o impacto e tão rápido quanto o ataque, o
dragão deu meia volta dando uma chicotada com a calda que pegou em cheio no
gigante jogando-o contra uma casa em chamas que despencou em cima dele com o
impacto.
O fogo do dragão era
poderoso, e queimava mesmo em meio à chuva intensa que ainda caia. O ataque da
fera causou mais dano do que Idash poderia imaginar. Sua cabeça sangrava
enquanto os escombros flamejantes queimavam o seu corpo quase nu. Antes que
pudesse se recompor, uma bola de fogo o atingiu em cheio jogando-o ainda mais
longe. De repente algo parou a trajetória do corpo do gigante, num rompante
seco. Idash estava seriamente ferido e já estava quase perdendo a consciência,
mas quando viu aquele rosto, se forçou a ficar lúcido um pouco mais.
— V-você não devia
estar aqui. – exprimiu Idash em uma fala ensanguentada.
— Você lutou bem meu
amigo. Seu orgulho será honrado. Eu assumirei a luta daqui em diante. – começou
a andar em direção ao dragão – LIBERUM REX. – Saindo das chamas com
determinação no olhar Katro liberou seu poder selado, para recompor uma vez
mais o orgulho daqueles gigantes amedrontados e vingar a derrota do amigo
guerreiro. Uma esfera de Aura roxa
apareceu em seu punho, mas diferente de quando feito em Tantrum a esfera tinha
o dobro do tamanho, rapidamente envolveu seu braço e dali se estendeu
rapidamente até formar uma armadura roxa como uma seda semitransparente e firme
como aço.
O dragão baforou
labaredas pelas ventas, e lançou uma bola de fogo mortal contra Katro que
caminhava firmemente sem se importar com o que vinha em sua direção. O ataque
do dragão o atingiu em cheio causando uma explosão de fogo e morte, mas em meio
as chamas a silueta de Katro ainda caminhava firmemente na direção do animal
descontrolado. A fera começou a bater as asas suspendendo seu corpo do chão até
sumir mais uma vez no céu enegrecido pelas nuvens e pela fumaça. Logo veio um
rasante e uma rajada de fogo que atingiu mais uma vez o gigante de armadura.
— Gigantes são
guerreiros de natureza, e você tenta sub-julgar nosso espírito orgulhoso. –
dizia Katro recebendo todo o fogo do dragão enquanto o via vir em sua direção,
soprando fogo de boca aberta pronto para abocanhá-lo em seguida – Aprenda uma
coisa dragão... – a fera abocanhou o gigante, e num impacto seco, como se
mordesse uma rocha, parou subitamente, os dentes não conseguiam penetrar a
armadura de aura. O punho direito começou a brilhar levemente. O dragão
percebendo o perigo tentou se soltar, mas Katro segurava firmemente a presa da
fera com a mão esquerda. – nem o fogo do inferno pode queimar o orgulho de um
GIGANTEEEEE. – Katro gritou com a ira de todos os gigantes derrotados ali,
dando um soco com um poder extraordinário, esmagando o crânio do dragão em um
buraco cada vez maior pelo impacto do orgulho gigante materializado.
Todos os gigantes
começaram a sair debaixo de escombros admirando aquele gigante sair do buraco
vitorioso.
*E.5.:
Era dos 5
*1793:
ano
*3/2:
6° dias da 2° quinzena
*
VER.: Verão
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