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terça-feira, 6 de junho de 2017

A GERAÇÃO DE PRAGAS

Parte 15
REINO PRIMORDIAL

E.5.: 1781, 4/1 OUT.
Reino primordial (realidade paralela)

Um clarão e um zumbido infernal antecederam o aparecimento de Taram, Daro e Calus. Mal apareceram e os garotos já caíram de joelhos vomitando o pouco que tinha no estomago. Após recobrar um pouco mais o domínio do intestino, Daro levantou a cabeça admirando o lugar, e Calus logo em seguida acompanhando-o. Era tudo tão cheio de cores, cogumelos gigantes; arvores quem nem dava pra ver o topo, e uma imensidade de cheiros, sons e coisas que nunca tinham visto.
— O que é aquilo? Que lugar é esse? Que barulho é esse? – Daro disparou a perguntar como forma de escape pra tanta novidade.
— Calma criança, uma coisa de cada vez. Primeiro vamos a minha casa.
Andaram por mais ou menos uma hora e meia. Daro e Calus impressionados o tempo todo, seja com a fauna, seja com a flora. Tudo era muito lindo. Tinha um cheiro bom de terra molhada pelo orvalho e clima agradável.
— Pronto! Chegamos! Bem vindos ao meu lar e agora o de vocês. – Disse Taram olhando para os garotos por cima do ombro. Na entrada Havia três grandes estatuas de pedra, e duas fileiras de magos de armaduras e capacetes prateados e capas vermelhas dos dois lados da escadaria formando um corredor de recepção. Subiram as escadas passando por baixo da estátua do meio e adentraram o castelo para sua nova vida.
Tempos se passaram e Daro ainda se perdia olhando para o céu em busca dos dragões que volta e meia passavam voando.
— Daro... Daro? – A segunda chamada veio acompanhada de um cascudo que o arrancou da distração.
— Aiii! – Reclamou.
— Depois de todo esse tempo você ainda fica se impressionando com os dragões. – Indagou Calus com a espada junta ao pescoço de Daro.
— Você tem um potencial muito grande Daro, não pode desperdiçar isso. E não vai ser se distraindo assim durante o treino que você vai fazer seu talento aflorar. – Taram deu a bronca – De novo, lembre-se de que nessa brincadeira quem morre, perde. Dessa vez, sem distrações, caso contrário você nunca vai acompanhar Calus. –Completou.
   Mais algumas quinzenas se passaram, e com eles os garotos foram evoluindo. Calus com seus treinos de magia e a espada, e Daro apenas com as aulas de espada e caça para apurar seus sentidos que já eram muito bons. Logo se fizeram bons discípulos, bem treinados e obedientes, entretanto, Calus ainda alimentava as trevas em seu coração. A morte de Doms não seria facilmente apagada de sua memória, e o sentimento que prevalecia ainda era o de vingar a morte do amigo. Daro ainda não entendia por que não podia ter aulas de magia, mesmo assim ficava espiando de longe e às vezes até arriscava em uma tentativa e outra, mas sempre sem sucesso.
   Era fim de mais uma tarde de brincadeiras/treino. Taram adorava joguinhos e brincadeiras e fazia todos os treinos como brincadeiras, jogos, e apostas, e se divertia como uma criança, às vezes ficando até muito irritado em perder. Daro estava sentado à beira do penhasco nos fundos do castelo, sobe sombra de uma arvore. Apreciava o por do sol por entre nuvens carregadas enquanto os ventos indicavam a chegada de chuva.
— Pelo menos um eu achei! – disse o mago, com um sorriso de leve no rosto – Não consigo encontrar o seu irmão, ele aprendeu mesmo a se ocultar. – Daro deu um sorriso sem graça, visivelmente abatido – Daro? – Disse Taram em voz branda se aproximando.
— Sim pai.
— O que há com você meu filho? Tem agido diferente ultimamente. – Questionou se sentando ao lado de Daro e pondo a mão sobre seu ombro.
— Por que eu não posso ter aulas de magia como Calus? – Questionou Daro de cabeça baixa.
— Já tivemos essa conversa antes. Você e Calus têm talentos diferentes. Calus é muito inteligente, consegue prever muitos movimentos a frente do oponente e tem um talento natural com a magia, você por outro lado é tem o coração puro, os sentidos muito mais apurados, consegue ver, ouvir e sentir coisas que os outros não sentem. Você querer treinar magia seria como tentar treinar água para queimar ou fogo para matar a sede. Não se pode mudar o que nós somos filho. – bagunçou o cabelo de Daro e virou-se – Não tenha vergonha do seu dom filho, não se sinta inferior a ninguém. Lembra-se do que é a magia? – Levantou o cenho.
— “A magia é uma manifestação da alma que segue o compasso do coração”. – Recitou se lembrando dos ensinamentos do mago.
— Sabe o que significa? Que todos nós temos magia dentro de nós. Não se martirize por isso criança, a sua pureza é o que te torna único. – Finalizou com voz branda enquanto se levantava.
— Você sempre diz isso, mas não me deixa fazer o teste de inquisição! – Resmungou Daro fazendo bico, o que fez Taram sentir um pouco de remorso.
— Façamos o seguinte... Se é tão importante assim pra você, deixarei que você faça o teste quando eu retornar. – Sugeriu tentando agradar um pouco o garoto e para enterrar essa história de uma vez.
— É sério? – Daro saltou de alegria, mas ainda desconfiado.
— Você terá o tempo que eu estiver fora para treinar, só vou te pedir para não criar muitas expectativas, não quero que se magoe filho. – começou da caminhar e parou em seguida – Mais uma coisa, vou te fazer uma pergunta e quero que você seja sincero na resposta, caso contrário, esqueça o que eu disse sobre o teste. – Enrijeceu a voz.
— Sim senhor. – Apreçou-se em responder.
— Há quanto tempo você está em contato com o Darksh no subterrâneo? – Questionou com calma, gerando uma cara de espanto de Daro com a surpresa de ele saber disso.
— É... Hã... É. – gaguejou tentando achar as palavras certas – Eu segui Calus há alguns dias. – respondeu abaixando a cabeça ­– Me perdoe.
— E como ele pareceu pra você? Qual foi à reação dele? – Questionou um pouco curioso. Daro estranhou a pergunta invés de uma bronca.
— Bom, pareceu ser uma criança normal, apesar de ele conversar estranho, mas acho que ele gostou de mim. Ele é muito curioso, aí eu digo pra ele como é aqui fora. – respondeu um pouco acanhado por ter sido descoberto – Mas por que o senhor não o deixa sair? Ele diz que nunca saiu de lá. Fico com pena dele. – Finalizou com um pesar na fala.
— Entendo, mas acredite filho é melhor ele ficar lá onde posso contê-lo.
— Devo parar de vê-lo? – Daro questionou quase como se implorasse para que não.
— Parece que vocês se dão bem, não seria justo separá-los por mero capricho meu. Então deixarei a função de cuidar dele em suas mãos. – Falou deixando Daro para trás.
— Obrigado... Obrigado pai. Vou me esforçar pra passar no teste. – Gritou Daro ao ver Taram se afastando.
*E.5.: Era dos 5
*1781: Ano
*4/1: 4° dia da 1° quinzena
*OUT.: Outono


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