Parte 2
O PLANO DE DARO
E.5.: 1793, 13/1 VER.
Limites de Tantrum (extremo oeste do
território mágico)
O cantar das rodas da carroça
onde era carregado acordara Daro, que mal conseguia se mexer. Pôs a mão no
peito sentindo-o dolorido da pisada de Katro. — Droga, desmaiei de novo, tenho
que parar com isso! – Pensou Daro em voz baixa.
Logo atrás da carroça caminhando
a passos lerdos, Katro com postura firme, e em seu ombro esquerdo Tina o
observava com um sorriso no rosto empalidecido pelo frio da manhã.
— Onde estamos? – Quis saber Daro se
pondo sentado e massageando o peito.
— Próximos do Portão oeste. – Respondeu
Tina com um sorriso acanhado e receptivo.
— O quão próximos? – Retrucou.
— Meio dia de caminhada. – Bufou entre
dentes Katro, ainda contra a idéia.
— Que merda! – praguejou – Sequer vou
ter tempo pra me recuperar totalmente.
— Quer que eu te cure Daro? – Perguntou
Tina saltando do ombro musculoso de Katro para a carroça e estendendo as mãos,
logo interrompidas por Daro.
— Tina... Você sabe que não pode, já vi
o que acontece com você quando cura alguém.
— Tudo bem. – Lamentou Tina ao receber
a represália.
Tudo o que se seguiu no resto da
viagem foi um silêncio desconcertante, rompido apenas pelo tinir das rodas da
carroça. Durante as quatro horas seguintes Daro dormiu, tão profundamente que
nem vira quando Tina abatera dois de três batedores que vigiavam de cima de um
monte logo à frente. Quando enfim a carroça parou, como se combinado Daro
despertou um pouco mais firme do que antes.
— Já? – indagou ao abrir os olhos e
perceber que pararam – Ótimo, estou pronto. – pronunciou saltando da carroça. —
Onde está a minha espada? – Quis saber ao não encontrá-la embainhada e em sua
sinta.
— você a deixou cair na última batalha.
– Respondeu tina apontando para o fundo da carroça. — Guardei ela pra você. –
sussurrou com um sorriso envergonhado.
— Devia ter mais cuidado com as suas
coisas, da próxima vez vamos largar onde cair! – Advertiu Katro com seriedade.
— Obrigado Tina, por ter-la guardado
para mim, e por ter me parado quando perdi o controle no acampamento. – Proferiu
Daro ignorando Katro, que soltou um grunhido em reprovação. Tina sorriu desajeitada
com o agradecimento.
— A propósito, onde então os outros? –
Questionou Daro sentindo falta de alguns dos soldados que os seguiam desde que
saíram de Elam.
— Eu ordenei que voltassem. – Respondeu
Tina apreensiva, aguardando o apoio de sua decisão.
— Contra minha vontade. – Falou Katro
entre os dentes.
— Melhor assim... Eles só iriam
atrapalhar daqui pra frente. – Finalmente dando o apoio a decisão de Tina, que
sorriu ao ouvir o apoio. — Vamos ao plano então né! – Disse Daro ajeitando a
espada em sua cinta.
— Então você tem um? Pensei que fosse
chegar lá e morrer como gado! – Debochou Katro, recebendo um olhar de
represália de Tina. — Perdoe-me por dizer a verdade.
— Claro que tenho um plano... Não
precisamos vencer todos, só distraí-los por tempo suficiente – falou
agachando-se e desenhando a estratégia no chão – vejam bem, quando chegarmos ao
portão fazendo o maior estardalhaço, todos os soldados vão se dirigir a essa
frente deixando os prisioneiros sem vigias, até por que, qual vai ser o soldado
que não vai querer ver três doidos tentando enfrentar um exercito inteiro,
depois que todos estiverem aqui fora querendo um pedaço de nós, vamos distrair
os da linha de frente e depois corremos, mas corremos muito, o mais rápido que
pudermos.
— Por que vamos ter que correr? – Perguntou
inocentemente Tina estranhando a estratégia.
— Por que eles são um exército inteiro
e nós somos só três – respondeu sem entender o porquê da pergunta já que era
obvio – e depois, quando ele sentir a minha presença ele pode não conseguir se
conter sem o colar. – Explicou Daro, ficando sério logo em seguida.
— Então é um cara! – Falou Katro
quebrando o silêncio até ali. — Só que vai dar errado!
— É mesmo? E por quê? – Quis saber
Daro.
— Simples... Enquanto a bela adormecida,
descansava em sono profundo – zombou – Tina derrubou dois batedores que nos
observavam ao longe.
— E daí? Estão mortos, e mortos não
falam!
— Bom, daí que eram três... Então nesse
exato momento, o exercito inteiro já deve estar a nossa espera.
— Bosta, agora fodeu! Novo plano então,
Tina você sabe fazer um selo de amarrações?
— Sei sim.
— Ótimo, e até quantas amarrações você
consegue ir?
— Consigo conjurar uma de cem pontas.
— Droga! Agora estamos na merda, um
selo assim não vai dar nem pro chá. – Lamentou Daro, com a derrota eminente.
— Não se preocupe com a segurança da
Tina, darei a minha vida para protegê-la se preciso. – Rosnou Katro entrando na
conversa.
— Sei... Sei... Então vamos lá, e fazer
a maior bagunça que pudermos, e quando eu disser pra vocês correrem, corram, só
corram sem olhar pra trás e deixem o resto comigo.
Dito isso, Daro
empunhou sua espada, prateada da ponta até a empunhadura, com a exceção da tira
de couro preto que envolvia o cabo dando mais firmeza ao segurar, Tina puxou de
traz da cintura duas adagas douradas com entalhes de uma perfeição quase
surreal, e Katro não empunhou nada, seu corpo por si só já era uma arma de
guerra. Todos prontos partiram em disparada para a clareira que precedia o
portão.
*E.5.:
Era dos 5
*1793:
ano
*13/1:
13° dia da 1° quinzena
*VER.:
verão
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