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terça-feira, 6 de junho de 2017

A GERAÇÃO DE PRAGAS

Parte 2

                                  O PLANO DE DARO

E.5.: 1793, 13/1 VER.

 Limites de Tantrum (extremo oeste do território mágico)


 O cantar das rodas da carroça onde era carregado acordara Daro, que mal conseguia se mexer. Pôs a mão no peito sentindo-o dolorido da pisada de Katro. — Droga, desmaiei de novo, tenho que parar com isso! – Pensou Daro em voz baixa.
 Logo atrás da carroça caminhando a passos lerdos, Katro com postura firme, e em seu ombro esquerdo Tina o observava com um sorriso no rosto empalidecido pelo frio da manhã. 
— Onde estamos? – Quis saber Daro se pondo sentado e massageando o peito.
— Próximos do Portão oeste. – Respondeu Tina com um sorriso acanhado e receptivo.
— O quão próximos? – Retrucou.
— Meio dia de caminhada. – Bufou entre dentes Katro, ainda contra a idéia. 
— Que merda! – praguejou – Sequer vou ter tempo pra me recuperar totalmente.
— Quer que eu te cure Daro? – Perguntou Tina saltando do ombro musculoso de Katro para a carroça e estendendo as mãos, logo interrompidas por Daro.
— Tina... Você sabe que não pode, já vi o que acontece com você quando cura alguém.
— Tudo bem. – Lamentou Tina ao receber a represália.
 Tudo o que se seguiu no resto da viagem foi um silêncio desconcertante, rompido apenas pelo tinir das rodas da carroça. Durante as quatro horas seguintes Daro dormiu, tão profundamente que nem vira quando Tina abatera dois de três batedores que vigiavam de cima de um monte logo à frente. Quando enfim a carroça parou, como se combinado Daro despertou um pouco mais firme do que antes.
— Já? – indagou ao abrir os olhos e perceber que pararam – Ótimo, estou pronto. – pronunciou saltando da carroça. — Onde está a minha espada? – Quis saber ao não encontrá-la embainhada e em sua sinta.
— você a deixou cair na última batalha. – Respondeu tina apontando para o fundo da carroça. — Guardei ela pra você. – sussurrou com um sorriso envergonhado.
— Devia ter mais cuidado com as suas coisas, da próxima vez vamos largar onde cair! – Advertiu Katro com seriedade.
— Obrigado Tina, por ter-la guardado para mim, e por ter me parado quando perdi o controle no acampamento. – Proferiu Daro ignorando Katro, que soltou um grunhido em reprovação. Tina sorriu desajeitada com o agradecimento.
— A propósito, onde então os outros? – Questionou Daro sentindo falta de alguns dos soldados que os seguiam desde que saíram de Elam.
— Eu ordenei que voltassem. – Respondeu Tina apreensiva, aguardando o apoio de sua decisão.
— Contra minha vontade. – Falou Katro entre os dentes.
— Melhor assim... Eles só iriam atrapalhar daqui pra frente. – Finalmente dando o apoio a decisão de Tina, que sorriu ao ouvir o apoio. — Vamos ao plano então né! – Disse Daro ajeitando a espada em sua cinta.
— Então você tem um? Pensei que fosse chegar lá e morrer como gado! – Debochou Katro, recebendo um olhar de represália de Tina. — Perdoe-me por dizer a verdade.
— Claro que tenho um plano... Não precisamos vencer todos, só distraí-los por tempo suficiente – falou agachando-se e desenhando a estratégia no chão – vejam bem, quando chegarmos ao portão fazendo o maior estardalhaço, todos os soldados vão se dirigir a essa frente deixando os prisioneiros sem vigias, até por que, qual vai ser o soldado que não vai querer ver três doidos tentando enfrentar um exercito inteiro, depois que todos estiverem aqui fora querendo um pedaço de nós, vamos distrair os da linha de frente e depois corremos, mas corremos muito, o mais rápido que pudermos.
— Por que vamos ter que correr? – Perguntou inocentemente Tina estranhando a estratégia.
— Por que eles são um exército inteiro e nós somos só três – respondeu sem entender o porquê da pergunta já que era obvio – e depois, quando ele sentir a minha presença ele pode não conseguir se conter sem o colar. – Explicou Daro, ficando sério logo em seguida.
— Então é um cara! – Falou Katro quebrando o silêncio até ali. — Só que vai dar errado!
— É mesmo? E por quê? – Quis saber Daro.
— Simples... Enquanto a bela adormecida, descansava em sono profundo – zombou – Tina derrubou dois batedores que nos observavam ao longe.
— E daí? Estão mortos, e mortos não falam!
— Bom, daí que eram três... Então nesse exato momento, o exercito inteiro já deve estar a nossa espera.
— Bosta, agora fodeu! Novo plano então, Tina você sabe fazer um selo de amarrações?
— Sei sim.
— Ótimo, e até quantas amarrações você consegue ir?
— Consigo conjurar uma de cem pontas.
— Droga! Agora estamos na merda, um selo assim não vai dar nem pro chá. – Lamentou Daro, com a derrota eminente.
— Não se preocupe com a segurança da Tina, darei a minha vida para protegê-la se preciso. – Rosnou Katro entrando na conversa.
— Sei... Sei... Então vamos lá, e fazer a maior bagunça que pudermos, e quando eu disser pra vocês correrem, corram, só corram sem olhar pra trás e deixem o resto comigo.
Dito isso, Daro empunhou sua espada, prateada da ponta até a empunhadura, com a exceção da tira de couro preto que envolvia o cabo dando mais firmeza ao segurar, Tina puxou de traz da cintura duas adagas douradas com entalhes de uma perfeição quase surreal, e Katro não empunhou nada, seu corpo por si só já era uma arma de guerra. Todos prontos partiram em disparada para a clareira que precedia o portão.

*E.5.: Era dos 5
*1793: ano
*13/1: 13° dia da 1° quinzena
*VER.: verão



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