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terça-feira, 6 de junho de 2017

A GERAÇÃO DE PRAGAS

Parte 3

                            O CERCO ESTÁ FECHADO

E.5.: 1793, 13/1 VER.

Tantrum (extremo oeste do território mágico)


Ao saírem clareira a fora, a expressão de surpresa e terror os atingiu de imediato. Havia mais de três mil soldados em formação de meia lua envolvendo os três a frente do imenso portão negro. Ao olharem para trás procurando a rota de fuga, já estavam completamente cercados. Devem ter se aproveitado do fato de só estarem olhando para frente. A frente do portão havia um homem que se destacava em sua montaria bem ornamentada. A armadura cintilante sugeria uma posição de comando, com um prata imaculado, sem ao menos um arranhão, que reforçava a idéia de que o homem raramente precisava lutar de fato, ou que sua habilidade era tanta que finalizava seus oponentes sem que esses sequer riscassem sua armadura. O cavalo preto de flancos largos começou a se mover, e conforme se movia em direção aos três, os soldados iam dando um passo ao lado, como uma dança bem ensaiada, e abrindo caminho, até que parou entre a tropa e os invasores.
— Então vejamos o que foi que acabou com 1/3 dos meus homens! Humm... Um gigante, justo... O que mais... Certo... Umaaa... hooo!– parou o homem que agora de perto parecia ter quase a mesma altura de Katro, com um ar de surpresa estampado na cara. — Uma princesa... Tão longe do seu lar... Onde seu status nada poderá influir em seu destino, ha sim... Uma bruxa... E de linhagem boa pelo que vejo!... E por último... Um - um – gaguejou incrédulo com o que via a sua frente – então os boatos são verdadeiros... Ainda há um Trax no mundo. – completou o homem, imaginando o problema que teria se ele se descontrolasse, mas sem deixar sua confiança ser abalada. — Um grupo bastante incomum de fato.
— E ainda sim quer nos enfrentar? – blefou Daro de arma em punho. — Não me parece muito sensato. – Completou.
— hahahaaaaa! GAROTO... Acha que eu sou o comandante desse lugar por acaso? – Indagou o homem, em seguida se recompondo e descendo do cavalo.
— É mesmo? Então pra que todos esses soldados? – continuou Daro com o blefe – E depois, você errou na conta... Somos quatro... Tem mais um lá dentro, lembra!
— Não acho que aquele pobre coitado quase morto, poderá te ajudar muito aqui garoto. – Retrucou com calma e retirando a espada avermelhada da bainha. — Ha! E todos esses soldados... Bem, eles não estão aqui para lutar, estão aqui para assistir e aprender. – Completou o homem com uma postura firme e tranquila enquanto observava com certa admiração a espada em suas mãos.
  Ao terminar de falar, ainda tranquilamente, o olhar do homem se voltou para Daro, que desde a parte do "quase morto", não o ouvira. Os olhos com o tom avermelhado no que antes era um verde esmeralda, os caninos começavam a se salientar, o olhar tão selvagem que até mesmo Tina e Katro deram um passo atrás, (apesar de terem visto o episódio algumas vezes desde Elam, dessa vez era diferente), no entanto, o oficial comandante de Tantrum não deu um passo sequer, nem mesmo mudou sua feição despreocupada.
  O ataque veio quase que num teletransporte, antes mesmo de um piscar de olhos. Um estalo de metal e uma faísca como um relâmpago, saiu do meio da poeira que se levantou no mesmo segundo, e depois o silêncio, finalmente a poeira começou a se dissipar depois de alguns segundos, revelando o oficial na mesma posição calma e apreciando sua bela espada, e Daro ainda fazendo pressão sobre um escudo quase transparente entre os dois.
— Hum! Deveras um achado, hem... Um selo de mil pontas e você ainda consegui lhe fazer uma trinca! – disse calmamente o cavaleiro, com certa admiração pelo feito de Daro – Diga rapaz, qual o seu nome? Vai ganhar a honra de uma derrota pelo fio da minha espada.
— Rrrrr. – rosnou Daro, totalmente fora de si.
— Que seja! Ainda sim, lhe darei essa honra, mas primeiro, vamos cuidar desses seus amigos assustados.
  Na mesma velocidade em que o som chegara aos ouvidos de Katro, veio o sinal do comandante, e logo depois a saraivada de flechas em direção a ele. Katro juntou as mãos como um monge, fazendo tanta pressão que as veias quase saltavam para fora.
— Acham que eu Katro Sazion, guardião da princesa Tina, sancionado pelo próprio Baltraz será vencido por isso? – Gritou com determinação, porém ainda receoso depois de ver o poder do oficial.
  Pouco a pouco Katro foi se deixando expandir até tomar sua altura original de quase dez metros de altura, extremamente musculoso dos pés a cabeça, enquanto um selo de amarrações comum protegia a ele e Tina das flechas. Um nível fraco de, menos de dez pontas, mas ainda sim muito eficaz contra armas lançadas por pessoas comuns.
  A expressão inabalável do comandante aos poucos foi mudando, para um tom de surpresa.
— Mas vejam só! Como não imaginei que um guardião estivesse ocultando o seu poder. – pronunciou o oficial se voltando para Katro e ignorando totalmente a presença de Daro – Acho que hoje é o dia dos prodígios não é mesmo! Pois bem, vejamos do que é capaz gigante. Venha.
  Katro fechou a cara com o desafio e com nenhuma opção se não enfrentá-lo, e partiu em disparada para cima do oponente. Ao mesmo instante, o comandante desfez o selo que o protegia de Daro para investir agora contra Katro, no entanto o ataque surgiu mais uma vez do oponente fora de si. Daro mais uma vez disparou ainda descontrolado, em direção ao homem de armadura, o ataque foi rápido. A espada prateada do Trax cortou o vento à frente da face do oponente, porém, numa velocidade ainda maior, e com uma naturalidade que fazia parecer fácil, o comandante desviou do ataque dando a impressão de imprecisão no ataque do oponente, em seguida o braço levantado, abaixou sobre a cabeça do Trax descontrolado que foi ao chão ao receber a pancada. O estrondo foi ouvido de longe, e a cratera em que Daro ficou caído foi alvo do espanto de todos com a força do cavaleiro que nem sequer havia usado sua magia. O comandante continuou a passos confiantes, deixando Daro ensanguentado na cratera.
  Tina ainda incrédula com tudo que estava acontecendo ao seu redor, ainda estava congelada no mesmo lugar, entretanto, ao ver o estado de Daro caído, ensanguentado, e ainda rosando sem conseguir se mover – com certeza ganhou alguns ossos quebrados com o impacto – , largou as adagas caírem no chão como se as mãos perdessem as forças, da mesma forma que suas pernas que foram se dobrando até se deixar cair no chão. As lagrimas salientavam em seus olhos e embaçavam-lhe as vistas. Com Katro não foi diferente, mesmo não gostando da idéia de colocar Tina em perigo, ver o companheiro de batalha ali, caído daquela forma humilhante enquanto o cavaleiro ignorava-o como a uma barata pisoteada, definitivamente feria-lhe o orgulho de gigante – Imagine só, ser deixado vivo apenas para a humilhação de ver seus companheiros cair antes dele.

            Inaceitável.







*E.5.: Era dos 5
*1793: ano
*13/1: 13° dia da 1° quinzena

*VER.: verão

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