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terça-feira, 6 de junho de 2017

A GERAÇÃO DE PRAGAS

Parte 12
DERROTA?

E.5.: 1773,  9/2  INV.
Tantrum (extremo oeste do território mágico)

— Mas como? E-eu... – Gaguejou incrédulo por ter cometido um erro tão grotesco de não ter visto além do óbvio.
— Você perdeu. – completou o general – Agora vamos ao castigo. – disse o general com a mão no queixo pensando sobre o que faria com o garoto – Já sei! Você vai imitar uma galinha totalmente sem roupa até o sol se pôr para a diversão dos soldados e depois vá embora e nunca mais volte aqui garoto. – Finalizou se virando de costas sem mostrar mais qualquer interesse.
— N-não... – gaguejou sem reação ao ver sua única chance se afastando. “Pense... Pense” – Espera! O jogo não acabou. – Soltou as palavras que fez o general parar no meio de mais um passo pra longe.
— Como assim?– Questionou o general ainda de costas, sem expressar a felicidade antecedente à continuação do jogo.
— O senhor não jogou ainda. – explicou Gradian agora com um sorriso de esperança no rosto – Agora sou eu quem vai jogar e o senhor é que vai ter que acertar os alvos. Não é um jogo se as duas pessoas não jogam. Quanto ao castigo, eu aceito, mas se o senhor perder terá que me treinar.
— E verdadeee! Eu ainda não joguei! Hahaha. – exclamou com uma risadinha que não deu pra esconder a felicidade de jogar mais uma rodada. Pegou o arco e se preparou – Vamos lá Gradian... Vamos jogar.
Ao ver a reação do general Gradian não perdeu tempo. Agarrou algumas maçãs e começou a jogar, mas logo na primeira suas esperanças foram abaixo ao vê-la ser destroçada logo depois que saiu voando de suas mãos. Sem chances. Ele reuniu o restinho de força que tinha e começou a atirar cada vez mais rápido e com mais força, porém não importava o quanto ele se empenhasse, o general não deixava escapar uma sequer. A última maçã no cesto.
— Vamos lá GRADIAN! Jogue a última e aceite sua derrota.
Gradian ignorou o comentário tentando achar uma saída para a situação. Se jogasse a maçã, por mais força que colocasse, ele com certeza iria acertar. Ele segurou a maçã com força na mão direita e se preparou.
 “Você só tem que acertar o alvo que eu vou jogar, antes que ele caia no chão.”
 — JOGAR... É isso  – pensou. Um breve sorriso se mostrou no rosto do rapaz que deu uma olhada para o general concentrado. Jogou o cesto para o lado. Se colocou em posição de arremesso. O braço então começou a se mover tão rápido quanto podia. O general com os olhos fixos em Gradian só esperando a maçã começar a subir para acertá-la. Quando o braço se esticou e chegou a hora de soltar o alvo para a subida, ele segurou a maçã ainda mais forte e deixou o braço descer a toda velocidade jogando a maçã direto no chão.
— Empate?! – soltou entre dentes o general, impressionado com a forma de raciocinar do rapaz na sua frente. Quem imaginaria em tirar proveito de uma falha na regra do jogo?
— Empate! – Repetiu Gradian ainda incrédulo por ter dado certo.
   O grande portão se abriu. Um homem alto de barba rala e aparência jovial adentrou. Parecia chegar de uma viagem de dias. Estava sujo, e um bocado descabelado.
— Quem é esse pai? Você não está recrutando esse pedinte, está? – Questionou o homem com voz firme, como se dando uma bronca.
— Eu não!... Ele é que se recrutou sozinho. – respondeu o general com ar descontraído.
— Não me venha com essa, você é o general deste lugar. Não pode permitir a entrada de qualquer um aqui. Tantrum é a maior prisão dos cinco reinos, e eu pretendo que ele continue sendo a maior. E não vai ser com fracotes que vamos manter Tantrum poderosa. – Esbravejou com o sermão.
— Olha como fala com seu superior, garoto. – Alertou o general.
— Aposto que você perdeu alguma aposta pra aceitar esse ninguém. – Soltou entredentes e continuou andando em direção aos alojamentos.
— “GRADIAN”. – Corrigiu.
— Como? – Indagou o filho do general.
— Gradian. Me chamo Gradian.
O ar de repente ficou pesado. Gradian começou a sentir o ar tão denso que quase não podia respirar. Uma compressão tomou conta dos seus pulmões. No instante seguinte, foi ao chão quase desmaiando.
— M-mas o que é isso? – Sussurrou em agonia.
— Viu pai... É um ninguém que não consegue nem respirar! – disse o viajante dando meia volta – Não me interessa saber o nome dos vermes que rastejam no chão que piso “GRADIAN”. Contanto que saibam seu lugar, e nesse momento, o seu lugar é exatamente aí... No chão... Como um verme que é. – disse enojado o homem agora de pé frente à Gradian.
— JÁ CHEGA KALYS. – vociferou o general com olhar incisivo.
— Não há lugar para esses lixos aqui, e você sabe disso. Veja, ele nem consegue respirar direito, como espera que isso seja de alguma valia pai. – Questionou com um ar de desafio. O ar ficou ainda mais denso e o clima ficou tenso.
— Sou o seu general e seu pai, e tanto um quanto o outro não permitem que fale comigo no tom que está falando. – O general franziu o cenho e suspendeu um braço, causando uma reação de espanto e agitação dos soldados que estavam próximos. Todos se afastaram e se abrigaram atrás de algo.
— Não sou mais criança, velho. – Soltou entre dentes o homem frente ao general.
— Para os pais os filhos nunca deixam de ser crianças, apenas crescem. – O braço desceu, e a pressão que pairava no ar se dissipou com uma rajada de vento que jogou Gradian para longe – Você está cansado. Descanse um pouco e conversaremos depois sobre a sua missão. É uma ordem Capitão.
— S-sim senhor. – gaguejou Kalys com um suor frio escorrendo do rosto diante do poder do pai. — Um dia ainda vou te superar. – finalizou ao virar de costas e começar a andar em direção aos alojamentos.
— Eu sei que vai filho, eu sei que vai. – Concordou o general em um sussurro temeroso.

*E.5.: Era dos 5
*1773: ano
*9/2: 9° dia da 2° quinzena
*INV.: Inverno



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