Parte 12
DERROTA?
E.5.:
1773, 9/2 INV.
Tantrum
(extremo oeste do território mágico)
— Mas como? E-eu... –
Gaguejou incrédulo por ter cometido um erro tão grotesco de não ter visto além
do óbvio.
— Você perdeu. –
completou o general – Agora vamos ao castigo. – disse o general com a mão no
queixo pensando sobre o que faria com o garoto – Já sei! Você vai imitar uma
galinha totalmente sem roupa até o sol se pôr para a diversão dos soldados e
depois vá embora e nunca mais volte aqui garoto. – Finalizou se virando de
costas sem mostrar mais qualquer interesse.
— N-não... – gaguejou
sem reação ao ver sua única chance se afastando. “Pense... Pense” – Espera! O
jogo não acabou. – Soltou as palavras que fez o general parar no meio de mais
um passo pra longe.
— Como assim?–
Questionou o general ainda de costas, sem expressar a felicidade antecedente à
continuação do jogo.
— O senhor não jogou
ainda. – explicou Gradian agora com um sorriso de esperança no rosto – Agora
sou eu quem vai jogar e o senhor é que vai ter que acertar os alvos. Não é um
jogo se as duas pessoas não jogam. Quanto ao castigo, eu aceito, mas se o
senhor perder terá que me treinar.
— E verdadeee! Eu ainda
não joguei! Hahaha. – exclamou com uma risadinha que não deu pra esconder a
felicidade de jogar mais uma rodada. Pegou o arco e se preparou – Vamos lá
Gradian... Vamos jogar.
Ao ver a reação do
general Gradian não perdeu tempo. Agarrou algumas maçãs e começou a jogar, mas
logo na primeira suas esperanças foram abaixo ao vê-la ser destroçada logo
depois que saiu voando de suas mãos. Sem
chances. Ele reuniu o restinho de força que tinha e começou a atirar cada
vez mais rápido e com mais força, porém não importava o quanto ele se
empenhasse, o general não deixava escapar uma sequer. A última maçã no cesto.
— Vamos lá GRADIAN!
Jogue a última e aceite sua derrota.
Gradian ignorou o
comentário tentando achar uma saída para a situação. Se jogasse a maçã, por
mais força que colocasse, ele com certeza iria acertar. Ele segurou a maçã com
força na mão direita e se preparou.
“Você só tem que acertar o alvo que eu vou
jogar, antes que ele caia no chão.”
— JOGAR... É isso – pensou. Um breve sorriso se mostrou no
rosto do rapaz que deu uma olhada para o general concentrado. Jogou o cesto
para o lado. Se colocou em posição de arremesso. O braço então começou a se
mover tão rápido quanto podia. O general com os olhos fixos em Gradian só
esperando a maçã começar a subir para acertá-la. Quando o braço se esticou e
chegou a hora de soltar o alvo para a subida, ele segurou a maçã ainda mais
forte e deixou o braço descer a toda velocidade jogando a maçã direto no chão.
— Empate?! – soltou
entre dentes o general, impressionado com a forma de raciocinar do rapaz na sua
frente. Quem imaginaria em tirar proveito de uma falha na regra do jogo?
— Empate! – Repetiu
Gradian ainda incrédulo por ter dado certo.
O grande portão se abriu. Um homem alto de
barba rala e aparência jovial adentrou. Parecia chegar de uma viagem de dias.
Estava sujo, e um bocado descabelado.
— Quem é esse pai? Você
não está recrutando esse pedinte, está? – Questionou o homem com voz firme,
como se dando uma bronca.
— Eu não!... Ele é que
se recrutou sozinho. – respondeu o general com ar descontraído.
— Não me venha com
essa, você é o general deste lugar. Não pode permitir a entrada de qualquer um
aqui. Tantrum é a maior prisão dos cinco reinos, e eu pretendo que ele continue
sendo a maior. E não vai ser com fracotes que vamos manter Tantrum poderosa. –
Esbravejou com o sermão.
— Olha como fala com seu
superior, garoto. – Alertou o general.
— Aposto que você
perdeu alguma aposta pra aceitar esse ninguém. – Soltou entredentes e continuou
andando em direção aos alojamentos.
— “GRADIAN”. –
Corrigiu.
— Como? – Indagou o
filho do general.
— Gradian. Me chamo
Gradian.
O ar de repente ficou
pesado. Gradian começou a sentir o ar tão denso que quase não podia respirar.
Uma compressão tomou conta dos seus pulmões. No instante seguinte, foi ao chão
quase desmaiando.
— M-mas o que é isso? –
Sussurrou em agonia.
— Viu pai... É um
ninguém que não consegue nem respirar! – disse o viajante dando meia volta –
Não me interessa saber o nome dos vermes que rastejam no chão que piso
“GRADIAN”. Contanto que saibam seu lugar, e nesse momento, o seu lugar é
exatamente aí... No chão... Como um verme que é. – disse enojado o homem agora
de pé frente à Gradian.
— JÁ CHEGA KALYS. –
vociferou o general com olhar incisivo.
— Não há lugar para
esses lixos aqui, e você sabe disso. Veja, ele nem consegue respirar direito,
como espera que isso seja de alguma valia pai. – Questionou com um ar de
desafio. O ar ficou ainda mais denso e o clima ficou tenso.
— Sou o seu general e
seu pai, e tanto um quanto o outro não permitem que fale comigo no tom que está
falando. – O general franziu o cenho e suspendeu um braço, causando uma reação
de espanto e agitação dos soldados que estavam próximos. Todos se afastaram e
se abrigaram atrás de algo.
— Não sou mais criança,
velho. – Soltou entre dentes o homem frente ao general.
— Para os pais os filhos
nunca deixam de ser crianças, apenas crescem. – O braço desceu, e a pressão que
pairava no ar se dissipou com uma rajada de vento que jogou Gradian para longe
– Você está cansado. Descanse um pouco e conversaremos depois sobre a sua
missão. É uma ordem Capitão.
— S-sim senhor. –
gaguejou Kalys com um suor frio escorrendo do rosto diante do poder do pai. —
Um dia ainda vou te superar. – finalizou ao virar de costas e começar a andar
em direção aos alojamentos.
— Eu sei que vai filho,
eu sei que vai. – Concordou o general em um sussurro temeroso.
*E.5.:
Era dos 5
*1773:
ano
*9/2:
9° dia da 2° quinzena
*INV.:
Inverno
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