Parte 4
ORGULHO E HONRA
E.5.: 1793, 13/1 VER.
Tantrum
(extremo oeste do território mágico)
Gigantes são orgulhosos de sua força.
Preferem a morte em batalha, sem misericórdia.
— Rrrrraaaaaaaaa... – Gritou Katro com
os dedos da mão esquerda cruzados e apontando para o oponente, enquanto cerrava
o punho da mão direita e armava o golpe.
Os olhos agora se voltavam ao
gigante. Os músculos monstruosamente grandes se contraiam, quando na frente do
seu punho surgiu uma esfera roxa que envolveu o punho cerrado e logo o braço
todo em um formato de armadura.
— Posso morrer aqui, mas antes você vai
ver do que um gigante de verdade é capaz. – Gritou Katro, desferindo o golpe
que rasgava o vento, sobre o oponente agora próximo dele.
O comandante ergueu a mão
esquerda em defesa, parando o ataque do rapaz sem o mover do lugar. O impacto
do golpe bloqueado gerou uma cratera ainda maior do que a que Daro estava, e
uma onda de choque que lançou ao longe vários dos soldados mais próximos da
batalha, no entanto Tina permanecera no mesmo lugar protegida pelo
"PROTECTUM" que Katro conjurou com a mão esquerda. Antes mesmo de a
poeira baixar, ou os soldados lançados ao longe se levantarem, veio o segundo
impacto, seguido de um leve recuo do braço do cavaleiro. Mais soldados foram
jogados dessa vez, na mesma proporção que a cratera aumentou de tamanho. O
terceiro impacto foi o mais pesado, fazendo o comandante reagisse antes do
quarto, já que a força do impacto dobrava a cada golpe. O comandante então, com
o braço esquerdo já quase cedendo à pressão do golpe, levantou a espada
apontando para o ombro direito do gigante, e logo um disparo avermelhado como a
espada foi lançado como um raio. O sangue jorrou do ombro do gigante, e logo o
seu braço perdeu um o movimento, mas não foi o suficiente para o comandante,
que apontou a arma para o céu e logo a abaixou, e com o gesto um gigantesco
pilar de aura vermelho desceu sobre o gigante debilitado, que foi ao chão tão
rápido quanto o sumiço do pilar ao atingi-lo.
— Mas olha só! Até que você deu
bastante trabalho. – disse o cavaleiro desapontado pelo fim da luta – Hora de
dar a vez à próxima não é mesmo gigante? – Falou agora caminhando para Tina
ainda inerte e sem acreditar em tudo o que acontecia diante de seus olhos.
— Rrrrr ora seu... – tentou chamar a
atenção do comandante de volta para si – Não esperava ter que usar isso dessa
forma, mas é preciso. –Pensou Katro.
— Lib... – Antes que Katro terminasse
de dizer uma só palavra, o cavaleiro desapareceu de perto dele e reapareceu
diante de Tina com a espada já apontada para ela.
Droga, não vai dar tempo.
...
— Katrooo – Gritou o gigantesco homem
interrompendo o próximo golpe do garoto.
— Sim pai. – suspendeu o ataque se
virando para o gigante de pé atrás dele.
— E a rocha? – Questionou.
— Tenho certeza que já posso destruir
uma com o dobro desse tamanho. – Respondeu o garoto orgulhoso da própria força.
— Não esperava menos de você. Mas e o
vaso de água? – Questionou de novo querendo mais.
— Já foram 15. – Disse o garoto
abaixando a cabeça envergonhado.
— Então você já teria matado a princesa
15 vezes! – rosnou o homem dando-lhe uma bronca – Trabalhe mais no seu
PROTECTUM. Você será o primeiro gigante guardião de uma princesa, você será o
gigante trará a gloria de volta a nossa raça filho.
— Não vou te decepcionar pai. – Assentiu
o garoto.
— Eu sei que não, por isso amanhã vou
te ensinar a técnica suprema do nosso clã. Você está preparado?
— Eu sou Katro Sazion,
primogênito de Bartro Sazion... Eu já nasci pronto!– Disse o garoto orgulhoso e
confiante com a responsabilidade.
...
O homem de armadura
investiu contra Tina antes que Katro esboçasse alguma reação. No segundo
seguinte a espada ensanguentada atravessada num corpo quase sem vida.
Essa
foi por pouco.
Daro de braços abertos a frente
de Tina recebera o golpe, que atravessara seu peito. Um silêncio mortal agora
dominava o campo de batalha. O comandante não hesitou e retirou a espada que
parecia imaculada já que sua cor era o puro sangue. Daro caiu nos braços de
Tina quase sem vida, molhando-lhe o colo de sangue.
O comandante ignorou a
interrupção, e dessa vez investiu com ainda mais determinação; a espada parou a
poucos centímetros da face da garota, os olhos de Tina ficaram brancos e vagos
como de alguém em coma profundo; enquanto o comandante se deliciava com a
sensação de não acertar o alvo. Katro encontrou a brecha perfeita, saltando pra
cima do comandante e dando-lhe um soco esmagador com o braço esquerdo, logo
depois sendo jogado pra longe pelo oficial nada satisfeito em receber o golpe
surpresa, e antes mesmo que ele pudesse contra-atacar a surpresa, ele dobrou o
joelho e se apoiou no chão.
Mais que droga Tina!
Tina levitava alguns centímetros
do chão, enquanto absorvia a aura do comandante enquanto ele começava a suar como
se estivesse em uma sauna, mas mesmo com todo o seu poder no máximo, o
monstruoso cavaleiro resistia com muita aura. De repente, tão rápido quanto
despertara, o poder de Tina sumiu, e junto com ele sua consciência. Nada
satisfeito o comandante ofegante com a perda de muito do seu poder, mas ainda
imponente, armou o golpe com tanta fúria que as veias de sua testa pareciam que
iam explodir. O balançar da espada fez o corte avermelhado sair voando em
direção a Tina e Daro caídos, cortando o chão e mostrando sua trajetória.
Quando a poeira abaixou um pouco é que se tornou visível que o corte não
atingira Tina e Daro, ao invés disso, um selo de amarrações meio trincado os
protegendo. A expressão de ira no rosto do comandante se fez ainda mais
elevada.
— Pensei que tivesse acabado com você gigante!–
Proferiu o homem se voltando para Katro ainda no chão.
O escudo quase transparente se
desfez com um vento que soprou a poeira nos soldados ao redor. O ar em volta do
corpo de Daro parecia querer pegar fogo, e uma fumaça saia do seu corpo como se
confirmasse a alternativa. O corpo foi se erguendo como se estivesse sendo
puxado por cordas lentamente até ficar de pé. O olho esquerdo de Daro agora
ostentava dois traços negros que cruzavam bem no centro da íris. Daro levantou
o braço revelando a marca em sua mão, e assim que a marca brilhou, a espada
prateada voltou à mão do dono, e ao tocar na mão de Daro, lentamente foi
revelando inscrições.
Mais que diabos é você!
— Mas como? Os Trax não podem fazer
magia! – Questionou o comandante querendo saber como um Trax podia usar magia,
e ainda mais com uma aura tão elevada assim.
— Katro, leve a Tina daqui agora mesmo.
Lembra do que eu disse antes? Apenas corra. – Ordenou Daro ignorando o
questionamento do cavaleiro.
— Aberração dos infernos! Como ousa me
ignorar? Responda... O que diabos você é? – Bufou o comandante ainda mais
furioso, porém se mantendo alerta ao perigo eminente.
*E.5.:
Era dos 5
*1793:
ano
*13/1:
13° dia da 1° quinzena
*VER.:
verão
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