PARTE 9
MORTE
E.5.: 1793, 13/1 VER.
Algum
lugar ao norte de Tamtrum
Katro corria com Tina
em seu braço esquerdo, enquanto o direito pendia sangrando e sem movimento
devido ao ataque do comandante. Os sons da batalha já não podiam ser mais
ouvidos. O corpo gigantesco que Katro
assumiu em batalha o fez chegar bem longe com suas passadas longas, até chegar
a um riacho. Seu corpo foi voltando lentamente à estatura de antes, ainda
grande e imponente, mas bem menor em relação.
Ele colocou Tina escorada em uma arvore, verificou se ela apresentava
algum ferimento. Tudo bem, ela só dorme profundamente. Agora que o sangue
esfriara um pouco, o ferimento no ombro doía muito, e a cada latejada parecia
melhor ter tido o braço amputado com o golpe, o sangue ainda molhava lhe o
braço e como ele ainda podia sentir o braço molhado, parecia um bom sinal
apesar da dor. Ele foi até a margem, tirou o colete de couro com cuidado para
ver o estrago. Lavou a ferida para evitar uma infecção antes de encontrar um
médico ou curandeiro.
— Droga! O estrago foi
feio. – Sussurrou enquanto lavava o sangue que ainda insistia em jorrar do seu
ombro.
— Interessante! Como a
sua roupa não rasgou quando você ficou grande? – Perguntou uma voz infantil, do
nada.
Katro saltou para perto de Tina desmaiada,
procurando de onde vinha a voz. Cruzou os dedos da mão esquerda conjurando um
“PROTECTUM” ao redor de Tina. Já que não podia atacar e defender ao mesmo
tempo, era preferível manter a segurança de Tina.
— Quem está aí?
Apareça.
— Atacar ou defender.
Uma só opção, e você escolhe ficar aberto a receber ataques para defender a
moça? Que por sinal é linda! – Disse a voz surpresa ainda sem revelar a sua
localização.
— Quem é você? O que
quer de nós? – Questionou Katro apreensivo sem saber de onde viria o ataque.
— Você é um cara
interessante. Mas vamos lá, me responda como as suas roupas não rasgaram quando
você cresceu? – Voltou a perguntar a voz com certa empolgação.
— Apareça e talvez eu
te conte alguma coisa. – Desafiou
— Se era só isso por
que você não disse logo! – Disse a voz infantil enquanto a sombra da arvore na
qual Tina repousava formava uma pequena silueta até tomar a forma de uma
criança deitada ao lado de Tina por dentro do selo de Katro. — Apareci! Agora
vamos... Diga como suas roupas não rasgaram.
Katro se virou num
rompante ao perceber que a voz vinha de traz de si. Estremeceu ao sentir a aura negra que
apareceu junto com a criança que encarava Tina enquanto passava os dedos no
decote de seus peitos.
— Desgraçado, o que
você está fazendo? Não me importo que você seja só uma criança, eu te mato se
você fizer alguma coisa com ela. – gritou Katro desfazendo o selo e armando um
golpe – Agora saia já de perto dela. – Ordenou.
— Isso não é justo!
Você disse que me contaria como fez aquilo. –resmungou a criança de vestimenta
negra com uma cara nada satisfeita – Criança que mente recebe castigo. Você
mentiu e seu castigo vai ser... – pôs o dedo no queixo olhando pra cima numa
pose pensativa por um instante – MORTE.
Um som estranho e
continuo começou a ressoar, como o som da areia escoando na ampulheta. Katro
começou a ficar apreensivo com a declaração do garoto seguida do som que foi
aumentando. A aura mortal do garoto prendia-lhe o ar como se apertasse seu
pulmão. A sede de morte era tão forte que era quase tangível. Uma poeira
começou a se aproximar deles como um cerco se fechando, e o desespero de Katro
finalmente teve expressão nítida em seu rosto quando percebeu que eram as
coisas morrendo e virando pó a medida que o cerco se fechava. “Diabos, escapar
de um monstro pra morrer nas mãos de outro” pensou. Katro não conseguia se
mover e nem tampouco pensar em como escapar daquela situação, e enquanto isso o
cerco se fechava ainda mais, e com ele o sorriso largo no rosto do garoto que
ainda acariciava os peitos de Tina. O espaço diminuía, e o cerco mortal já
estava a alguns poucos metros de distância quando Katro conseguiu retomar o
controle. Ele armou o golpe e pulou pra cima do garoto, porém o cerco se fechou
de uma vez e tudo se fez em uma poeira espessa. Enquanto a poeira baixava,
Katro sentiu algo frio fazendo pressão em seu punho. Daro estava com uma mão no
peito do garoto que agora estava desmaiado e a outra segurava a espada que
bloqueara o golpe. Depois de alguns segundos é que deu pra ver o tamanho do
estrago. O cerco tinha começado com um raio de mais ou menos duzentos passos
dali, e tudo o que restara para trás, fora somente pó.
— Mas que diabos foi
isso? – Questionou Katro apoiando o joelho no chão enquanto perdia a
consciência.
— Parabéns! Você acaba
de conhecer “o filho da morte”, e sobreviver. – Respondeu vendo o gigante
tombar para o lado.
*E.5.:
Era dos 5
*1793:
ano
*13/1:
13° dia da 1° quinzena
*VER.:
verão
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