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terça-feira, 6 de junho de 2017

A GERAÇÃO DE PRAGAS

PARTE 9
MORTE
E.5.: 1793, 13/1 VER.
Algum lugar ao norte de Tamtrum


Katro corria com Tina em seu braço esquerdo, enquanto o direito pendia sangrando e sem movimento devido ao ataque do comandante. Os sons da batalha já não podiam ser mais ouvidos.  O corpo gigantesco que Katro assumiu em batalha o fez chegar bem longe com suas passadas longas, até chegar a um riacho. Seu corpo foi voltando lentamente à estatura de antes, ainda grande e imponente, mas bem menor em relação.  Ele colocou Tina escorada em uma arvore, verificou se ela apresentava algum ferimento. Tudo bem, ela só dorme profundamente. Agora que o sangue esfriara um pouco, o ferimento no ombro doía muito, e a cada latejada parecia melhor ter tido o braço amputado com o golpe, o sangue ainda molhava lhe o braço e como ele ainda podia sentir o braço molhado, parecia um bom sinal apesar da dor. Ele foi até a margem, tirou o colete de couro com cuidado para ver o estrago. Lavou a ferida para evitar uma infecção antes de encontrar um médico ou curandeiro.
— Droga! O estrago foi feio. – Sussurrou enquanto lavava o sangue que ainda insistia em jorrar do seu ombro.
— Interessante! Como a sua roupa não rasgou quando você ficou grande? – Perguntou uma voz infantil, do nada.
Katro saltou para perto de Tina desmaiada, procurando de onde vinha a voz. Cruzou os dedos da mão esquerda conjurando um “PROTECTUM” ao redor de Tina. Já que não podia atacar e defender ao mesmo tempo, era preferível manter a segurança de Tina.
— Quem está aí? Apareça.
— Atacar ou defender. Uma só opção, e você escolhe ficar aberto a receber ataques para defender a moça? Que por sinal é linda! – Disse a voz surpresa ainda sem revelar a sua localização.
— Quem é você? O que quer de nós? – Questionou Katro apreensivo sem saber de onde viria o ataque.
— Você é um cara interessante. Mas vamos lá, me responda como as suas roupas não rasgaram quando você cresceu? – Voltou a perguntar a voz com certa empolgação.
— Apareça e talvez eu te conte alguma coisa. – Desafiou

— Se era só isso por que você não disse logo! – Disse a voz infantil enquanto a sombra da arvore na qual Tina repousava formava uma pequena silueta até tomar a forma de uma criança deitada ao lado de Tina por dentro do selo de Katro. — Apareci! Agora vamos... Diga como suas roupas não rasgaram.
Katro se virou num rompante ao perceber que a voz vinha de traz de si.  Estremeceu ao sentir a aura negra que apareceu junto com a criança que encarava Tina enquanto passava os dedos no decote de seus peitos.
— Desgraçado, o que você está fazendo? Não me importo que você seja só uma criança, eu te mato se você fizer alguma coisa com ela. – gritou Katro desfazendo o selo e armando um golpe – Agora saia já de perto dela. – Ordenou.
— Isso não é justo! Você disse que me contaria como fez aquilo. –resmungou a criança de vestimenta negra com uma cara nada satisfeita – Criança que mente recebe castigo. Você mentiu e seu castigo vai ser... – pôs o dedo no queixo olhando pra cima numa pose pensativa por um instante – MORTE.
Um som estranho e continuo começou a ressoar, como o som da areia escoando na ampulheta. Katro começou a ficar apreensivo com a declaração do garoto seguida do som que foi aumentando. A aura mortal do garoto prendia-lhe o ar como se apertasse seu pulmão. A sede de morte era tão forte que era quase tangível. Uma poeira começou a se aproximar deles como um cerco se fechando, e o desespero de Katro finalmente teve expressão nítida em seu rosto quando percebeu que eram as coisas morrendo e virando pó a medida que o cerco se fechava. “Diabos, escapar de um monstro pra morrer nas mãos de outro” pensou. Katro não conseguia se mover e nem tampouco pensar em como escapar daquela situação, e enquanto isso o cerco se fechava ainda mais, e com ele o sorriso largo no rosto do garoto que ainda acariciava os peitos de Tina. O espaço diminuía, e o cerco mortal já estava a alguns poucos metros de distância quando Katro conseguiu retomar o controle. Ele armou o golpe e pulou pra cima do garoto, porém o cerco se fechou de uma vez e tudo se fez em uma poeira espessa. Enquanto a poeira baixava, Katro sentiu algo frio fazendo pressão em seu punho. Daro estava com uma mão no peito do garoto que agora estava desmaiado e a outra segurava a espada que bloqueara o golpe. Depois de alguns segundos é que deu pra ver o tamanho do estrago. O cerco tinha começado com um raio de mais ou menos duzentos passos dali, e tudo o que restara para trás, fora somente pó.
— Mas que diabos foi isso? – Questionou Katro apoiando o joelho no chão enquanto perdia a consciência.
— Parabéns! Você acaba de conhecer “o filho da morte”, e sobreviver. – Respondeu vendo o gigante tombar para o lado.

*E.5.: Era dos 5
*1793: ano
*13/1: 13° dia da 1° quinzena
*VER.: verão


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