Parte 1
DESCONTROLE MORTAL
E.5.: 1793, 12/1 VER.
Algum lugar no extremo oeste do território
mágico
— Darooo... Daro seu idiota, quer matar
a gente também seu desgraçado! – Gritava o rapaz de quase dois metros e meio de
altura e músculos invejáveis, que segurava os ataques quase imprevisíveis de
Daro, ainda fora de si.
— Não vai ter jeito, ele não vai voltar
Katro! Sai da frente que eu vou absorver. – Gritou a voz envergonhada e
agradável de uma garota de olhos verdes que se destacavam com seus cabelos
loiros lisos, com o corpo em proporções exatas que atiçara a imaginação até
mesmo de outras mulheres, saltando de trás do grandalhão que defendeu uma
última investida empurrando Daro para trás.
— É todo seu!– Bufou Katro ao sentir o
delicado pé da garota empurrando-lhe o ombro em direção a Daro.
— Selo Beratum. – Pronunciou a garota
logo antes de um breve clarão, como um relâmpago, logo depois ela caiu
desacordada no chão, enquanto Daro permanecia inerte como se acordando pra
realidade. Aos poucos o garoto foi voltando a si, e ainda com as vistas
embaçadas, vendo todos ao redor de Tina,
— Você quase a matou dessa vez idiota.
– Relatou Katro tocando-lhe o ombro em consolo.
— Por quanto tempo? Alguém mais se
fer... Quer dizer, eu feri mais alguém?
— Bom, dessa vez foram quase 20 minutos
de lucidez, e logo depois, meia hora de terror, sabe... Quando você se
descontrola é sempre a gente que se ferra, e por a gente eu digo a Tina, na
maioria das vezes.
— É eu sei!– Exclamou Daro desabando de
costas no chão com a chegada da exaustão.
— Não, não sabe não!– vociferou Katro
com o pé fazendo pressão no peito de Daro – Sabe por que sou o protetor da
Tina?
— Por que você é o capacho mais bombado
que ela encontrou? – Disse o rapaz entre os dentes sentindo o peso do pé de
Katro esmagando-lhe o peito.
— Hahaha! Pelo menos você não perde o
bom humor diante da face da morte.
— claro que não, pois é o filho dela
que estamos indo buscar! – Rebateu Daro com um sorriso pouco convincente.
— Imagine só! Querer bater de frente
com todo o exercito de Tantrum... Cara, você deve ser realmente doido pra
querer entrar lá enquanto os que estão lá só querem sair. É morte certa querer
entrar na prisão mais bem protegida dos cinco reinos, pra resgatar uma única
pessoa. E se você pensa que eu deixarei Tina morrer por sua causa, está muito
enganado... Mesmo que ela me odeie pelo resto da vida, mas eu juro que te mato
dez vezes antes de deixá-la morrer. – bufou Katro com determinação nos olhos –
desgraçado, desmaiou! – Pensou vendo que o rapaz já estava em sono profundo e
até esboçava um leve ronco.
...
Vozes ao longe ecoavam em meio à chuva fina. O reluzir de poucas tochas
era a única coisa que rompia a escuridão de um pequeno vilarejo.
— Arranquem suas presas! – Gritava uma voz ao fundo da multidão que reagia
com fervor a sugestão.
— Que graça teria pessoal? – dizia com ar de deboche – Hããã? Não, eu vos
digo para deixarem tentar lutar por suas vidas ridículas de Trax antes de
arrancarmos suas cabeças.
O homem de cabelos compridos e ensebados caindo nos olhos e
escorrendo o suor da dura batalha até ali, com uma cicatriz que partia seu
rosto e o deixava ainda mais rígido, como se já tivesse visto aquela cena mais
vezes do que conseguia se lembrar, com uma espada afiada meio curva e ainda ensanguentada
apontada para o casal amarrado de joelhos aos seus pés.
— Por favor... – implorou quase chorando o homem amarrado aos seus
captores – meu filho... Deixem-no ir. Fique comigo e minha mulher, mas deixe o
nosso filho ir. – Prosseguiu o homem tentando apelar ao mínimo de humanidade
que pudesse ter naquele homem.
— Haa hahaha – riu o homem como se tivesse ouvido uma piada das boas –
quase me esquecia do pirralho. Não se preocupe com o seu filho, ele será muito
bem tratado, afinal não podemos danificar a mercadoria mais valiosa não é
mesmo.
— Não por fav... – O homem foi interrompido por um chute que o acertará
a têmpora e o fez ir ao chão com o rosto ainda mais ensanguentado.
— Calado Trax. Dar-lhe-ei a chance de salvar sua família. Tragam-me uma
espada e soltem as amarras dele. – Ralhou o homem com um firme comando.
— Mas Takar, tem certeza? Você sabe o quanto os Trax são perigosos. –
Interveio o rapaz com um ar inexperiente e ainda assustado com o que vira em
batalha.
— Ousa me questionar Tarir? É isso mesmo que eu entendi? Você está
"me" questionando?
— Nã-não Tak... – Antes que o rapaz fechasse a boca, Takar já estava com
a ponta da espada cutucando-lhe a garganta.
— Nunca mais me questione na frente dos meus homens. – Sussurrou o homem
ao pé do ouvido do rapaz.
— S-sim senhor. – O rapaz espremeu para fora da boca quase atravessada
pela lâmina.
— Família! – Exclamou Takar agora com as duas espadas nas mãos, e
olhando para o Trax agora solto de suas amarras, mas ainda de joelhos ao lado
da mulher. O homem ainda tomado pela determinada vontade de duelar, jogou uma
espada no chão ao lado do Trax, que agora o encarava com desprezo. — Vamos
"senhor Trax"! Salve sua família _ disse zombeteiro.
— Tiroo, nãão! – A mulher no chão implorava ao Trax que empunhava a
espada ainda desajeitado.
— Eu preciso Lia meu amor! Por Daro. – O homem balbuciou conformado em
morrer pelo filho que assistia a cena detrás da mãe.
— Isso Lia, ele precisa lutar... Por Daro... Lembra! – rebateu o homem
em gozação – vamos logo com isso Trax, tenho que entregar as suas cabeças pela
manhã, não posso esperar toda essa lenga lenga.
Takar se enrijeceu numa postura firme de um lutador experiente,
segurando com o braço forte e bem definido, sua espada apontada para Tiro, que
por sua vez segurava a espada como alguém cansado que nem sequer conseguia
erguer o braço. Takar de repente levantou sua espada em defesa, que quase não
consegue parar o ataque que deferiu Tiro, agora com aparência fria como
uma marionete seguindo os comandos de um controlador hábil, no instante
seguinte mais e mais golpes que eram desferidos por Tiro com velocidade e força
descomunais, eram defendidos com certa dificuldade, mas com uma determinação
exemplar.
Tiro mudara sua aparência, que agora era de um cabelo arrepiado, como um
lobo em prévia de briga, e os olhos tomados por uma íris avermelhada envolta
por um azul claro como o céu, e sua boca salientavam levemente seus caninos,
que faziam certa menção a um lobo novamente.
— Isso mesmo Trax, me mostre do que é capaz esse seu clã de merda!
Vamos... Quanto mais você se deixar tomar pelo seu poderzinho idiota, mais caro
valeram seus olhos e seus caninos. – Gritou Takar agora lhe desferindo golpes
de igual força e velocidade.
— Nããooo! – Ecoou o grito de desespero de Lia ao ver a espada de
Takar empalada no peito do marido.
— Agora é a sua vez Lia, mas antes vou matar seu filho na sua frente,
quem sabe você não melhora a valia da sua cabeça vendo isso não é mesmo! –
Dizia Takar retirando a espada do corpo sem vida de Tiro e caminhando para o
garoto.
O garoto ainda assustado escondia
a cabeça nos braços da mãe, que vendo Takar vir determinado em sua busca
começou a gritar: — Daro, corrreee... Darooo.
*E.5.:
Era dos 5
*1793:
ano
*12/1:
12° dia da 1° quinzena
*VER.:
verão
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