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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Retomada da vida dos contos de Asttatus

Bom diaaaa galera, primeiramente, sinto ter-lhes deixado de lado por todo esse tempo, então permitam-me contar o que tem acontecido durante meu afastamento e as causas dele.
Primeiro, eu estive suportando uma sobrecarga profissional e por que não emocional(já que minha vida pessoal era afetada diretamente), onde estava me sobrando para descanço algo em torno de 5 a 6 horas por dia (nem preciso dizer que isso só pra dormir já é pouco né!), e essa rotina foi se perpretando por dias, semanas, meses, enfim, todo esse tempo me dedicando como vocês viram quase que 100% dos meus dias aos projetos aos quais me propus (não que tenha sido ruim, não, me foi muito agregador), e isso me privou de muitas coisas que eu adorava fazer, sendo uma delas a escrita do mundo de Asttatus e seus personagens magnificos (sim, eu elogio meus personagens dessa forma pois de todos vocês, o mais fã sou eu mesmo)... Enfim, depois de muito avaliar, cheguei a conclusão de que se não removesse ao menos uma de minhas tarefas, chegaria a loucura rapidamente, e foi assim que eu decidi sair do meu emprego regular(ao qual sou muito grato pelos 7 anos de trabalho bem executado, com colegas de trabalho maravilhosos) para me decicar 100% a minha formação acadêmica e aos projetos cujos mantenho foco, entretanto, com essa decisão mesmo me dedicando a tudo que eu me propus, ainda me sobra algum tempinho de folga entre uma tarefa e outra, e é aí que entra Asttatus e todos vocês... Inicei hoje a releitura de toda a obra publicada e não publicada a fim de reaver todos os detalhes e pontas carentes de amarração e acredito que logo temos novos capítulos fresquinhos para degustarmos, então se vocês assim como eu são fãs de "A geração de pragas" comecem a reler para se relembrar dos detalhes e da história em geral pois logo logo tem mais.
Agradeço a todos, ainda que poucos, mas os que considero os melhores, pela incrível paciência e pela confiança de que farei um bom trabalho.
Grande abraço e fiquem com Deus.

Lembrando que a história mais completa encontra-se no site "Wattpad".

segunda-feira, 28 de maio de 2018

A GERAÇÃO DE PRAGAS


PARTE 29

E.5.: 1793, 7/2 VER
ASCENÇÃO

Turdália(Leste do território Humano)


Os passos estralavam pelo piso do grande corredor. O homem grande e forte com uma capa e uma coroa na cabeça carregava consigo uma pequena escolta de seis soldados. Caminhavam a passos a passos largos como quem tem pressa pra chegar. As mãos estalaram nas grandes portas que se abriram num rompante de raiva. As chamas das várias tochas espalhadas nas paredes iluminavam o grande e luxuoso salão do trono. Alguém jazia sentado ao trono rodeado de guardas, feiticeiros e anciões.
— O que significa isso? – ralhou o homem ao ver outra pessoa sentada em seu lugar – Diga Takar, o que faz no meu trono seu insolente. Não pense que por ser meu filho irá se safar dessa. – Vociferou autoritário.
— Ora ora... Que recepção é essa meu pai? Seu herdeiro retorna para casa e é assim que o recebe? – Falou dissimuladamente, abrindo os braços.
— Que conversa é essa Takar?  Sabe muito bem que seu irmão é que vai herdar o trono. – Questionou o rei sem entender o significado daquelas palavras do filho.
— Em alguns dias serei. – Afirmou com voz firme.
— O que pretende fazer seu... – rosnou entre dentes avançando para cima de Takar ainda sentado no trono. Imediatamente os guardas sacaram suas espadas impedindo o avanço – Como ousam levantar armas contra seu rei? Abaixem já as suas armas guardas. É uma ordem. – vociferou o homem com a autoridade que lhe cabia, porém os guardas continuaram firmes de espada empunho – não serei piedoso com traidores. Larguem agora mesmo as espadas antes que eu considere um ato de traição. – Insistiu.
— Acho que o senhor não entendeu bem a situação, então vou explicar-lhe. – Takar se levantou e fez um gesto, logo os guardas que rodeavam o salão sacaram suas espadas cercando o rei, enquanto dois outros fecharam as portas. — Esta foi à mensagem que o senhor recebeu hoje pela manhã. – disse jogando o pequeno papel enrolado aos pés do homem cercado. — “Durante uma emboscada, ladrões roubaram todo o tributo advindo de Ashanor e o Príncipe Erick agora está morto. O capitão da guarda Lector único sobrevivente, agora segue viagem para relatar diretamente ao rei.” É claro que eu também recebi a notícia e devo chegar a Turdália ao pôr do sol de amanhã, onde lamentavelmente encontrarei meu pai, o rei, morto. Não aguentou a perda de seu primogênito e cometeu suicídio.
— Pelos Deuses... Eu criei um monstro. Você pretende matar a sua própria família para subir ao poder. – Murmurou o rei consternado.
— Não... Ladrões e suicídio – corrigiu – é que me colocarão no trono.  Agora vamos ao que interessa meu senhor, o seu suicídio. Vai cravar uma adaga no coração e ter um fim rápido, ou vai tomar veneno e agonizar até a sua trágica morte? – finalizou acenando com a cabeça para um ancião se aproximou do rei com uma adaga em uma mão e um pequeno frasco na outra – vamos, escolha a forma como será contada a sua história.
— No fim das contas o sangue bárbaro prevaleceu em você, bastardo! – Passou a mão na adaga saltando pra cima de Takar.
Sangue.
— Um fraco até o final!– sussurrou com a adaga cravada no peito do rei enquanto o via perder as forças até cair no chão – Aqui começa o meu reinado. Vamos indo, tenho que chegar aqui depois daqui a três dias pra receber a coroa. – Um sorriso sádico se manifestou em seu rosto com a cena. Assim que Takar se distanciou do castelo o sino começou a tocar.
Um rei havia morrido.
Na manhã seguinte o reino todo estava alvoroçado com a notícia da morte do rei. Era um bom governante, não cobrava impostos tão altos e não buscava guerras sem motivos.
Ao cair da noite chega Takar, o príncipe bastardo, que agora herdaria o reino. O príncipe havia galopado por três dias sem parar até chegar a Turdália, porem o cavalo parecia em ótimo estado, como se tivesse apenas dado um passeio a trotes. Mas isso passara despercebido já que as atenções estavam voltadas para as mortes na família real.
— Onde está meu pai? – perguntou Takar dissimuladamente ao descer do cavalo, como se nada tivesse acontecido. O conselheiro balançou a cabeça com um sinal negativo.
— Sinto muito meu príncipe. – O homem abaixou a cabeça – O conselho o aguarda meu senhor.
— Preciso ver meu pai antes. – Takar começou a caminhar.
— Seria melhor o senhor ir à sala do conselho meu senhor.
— Meu pai precisa de mim Verno, tenho que vê-lo agora mesmo. – Príncipe levantou a voz dissimulando raiva e angustia.
— É o seu pai meu príncipe... Ele está morto.

...

O salão já estava cheio de homens distintos de patentes e posições de respeito. Todos conversavam um só assunto, o suicídio do rei. O grupo se dividia entre os que acreditavam em conspiração e ato de guerra enquanto outros defendiam o fato de o rei ter tirado a própria vida. A pressa em coroar o novo rei era eminente e justificável. Um grande reino sem rei era uma grande tentação ao equilíbrio do poder em Asttatus. Os outros grandes reinos poderiam se sentir tentados a começar uma guerra. Mesmo um rei jovem e inexperiente já seria uma grande tentação. Algo assim já havia acontecido antes e todos sabiam o quão frágil é o equilíbrio do poder entre as raças.
A porta se abriu num rompante. Takar entrou na sala imponente e sério. Todos se calaram ao vê-lo.
— Alguém pode me explicar o que é que está acontecendo aqui? – indagou Takar com voz firme – Dois membros da realeza acabam de morrer. Alguém pode me explicar isso?_ ele terminou dando um soco na mesa aparentando estar muito irritado.
— O Rei Eurick recebeu um peregrino informando a morte do Príncipe Erick, e enlouqueceu tirando a própria vida em seguida. – Dilga se pronunciou com voz gaguejante.
— Eu já disse Eurick nunca faria uma coisa dessas. – o homem bem vestido se prontificou no mesmo instante – Eu conheço meu irmão e ele não era esse tipo de pessoa.
— Pelo que sei o senhor nunca perdeu um filho, tio Henrick. – Takar inferiu – Perdeu um irmão e já está falando em conspiração. Imagine perder um irmão e um pai ao mesmo tempo. – todos se entreolharam – O que aconteceu, aconteceu. Vamos tratar de dar funerais adequados a eles e depois resolvemos o resto. – Finalizou e saiu porta a fora.

...

O altar foi posto na frente do castelo, frente aos súditos como mandava a tradição. A guarda mantinha a multidão a certa distância. Todos os nobres alinhados desde o portão da frente do castelo até o altar, formando um corredor humano. O portão se abriu. Takar surgiu carregando o corpo do rei envolto num tecido branco imaculado. A tradição dizia que o primogênito e herdeiro é que devia carregar o corpo do pai, simbolizando que dali em diante ele é que carregaria o fardo e responsabilidades assumindo o lugar do morto, porém com o primogênito morto, sobrara apenas Takar, o bastardo que por ironia do destino agora era o herdeiro de direito.  Assim que Takar começou a andar as trombetas começaram a ecoar numa marcha fúnebre. Ele caminhou até o altar e pousou o corpo do pai sobre ele. Um dos soldados se aproximou e o entregou duas moedas de ouro, ele as pegou e colocou uma em cada olho do morto, deu dois passos para trás e outros soldados fecharam a coivara. O som das trombetas cessaram. Outro soldado o entrou uma tocha acesa. Ele se aproximou e ateou fogo, pondo fim ao reinado do rei Eurick.
— Vou fazer o que você não teve coragem. Colocar o reino humano no topo que é o seu lugar. – Sussurrou Takar em despedida ao seu antecessor.


*E.5.: Era dos 5
*1793: Ano
*7/2:7° dia da 2° quinzena
*VER.: Verão


sexta-feira, 11 de maio de 2018

A GERAÇÃO DE PRAGAS


Parte 28

PEQUENO GIGANTE

E.5.: 1793, 7/2 VER.

Vila das 3 pilastras (próximo do grande reino dos gigantes)


Um clima sério e meio triste pairou sobre Katro por uns instantes, então ele se levantou sem dizer uma única palavra e saiu tenda a fora deixando o velho Guros ajoelhado no chão.
A vila embora muito destruída já começava a parecer habitável novamente. Apesar de ser uma vila relativamente pequena, era a primeira vez que Katro via aquela quantidade de gigantes. O único gigante que conhecia era seu pai, era de se esperar que ficasse impressionado. Mais a frente havia um cercado onde a criação de mamutes da vila pastava serenamente como se nada tivesse acontecido. Ele escorou na cerca perdido em seus pensamentos, admirado com a beleza de sua terra natal e como era injusto não ter tido a oportunidade de crescer com aquilo, no meio de seu povo.
— Então você é um príncipe? – disse Bis se fazendo visível sentado na cerca ao lado de Katro – O que aconteceu? Por que seu pai não quis ser o rei? – Disparou a perguntação antes mesmo que o gigante se recuperasse do susto.
— Filho da puta. – o gigante se irritou e imediatamente agarrou o pequeno apertando-o com a mão direita – Então estava bisbilhotando é? Agora você vai pro inferno. – Finalizou arremessando o pequeno Bis para o horizonte como uma lança, fazendo o pequeno bisbilhoteiro sumir ao longe.
— Não devia fazer isso com o pequeno!
Katro se virou de repente com a voz vinda de trás de si. Mhrisnova assistira toda a cena.
— O que você tem a ver com isso? – Perguntou ríspido demonstrando que não queria companhia.
­— Ele ficou ao seu lado o tempo inteiro enquanto você esteve desmaiado e até foi procurar as ervas que precisamos para te tratar.
Katro se manteve calado com o olhar no horizonte.
— Eu não sou como o meu avô, não dou a mínima pra você ser o príncipe... – o comentário rendeu um olhar exasperado de Katro – Eu não o seguiria apenas por ser filho de quem é.
— Você não me conhece; não sabe quem eu sou; nem você, nem seu avô, e nem ninguém aqui sabe nada sobre mim. – Katro finalizou rude como sempre, dando as costas à Mhrisnova.
— E pelo visto nem você mesmo sabe quem é. ­– Ele interrompeu a passada por um segundo, mas depois foi embora sem dizer nada.

Daro jazia desacordado num leito. Sob sua testa tina punha um pano húmido que acabara de torcer.
— Acorde Daro! – Exclamou num supiro.
— Como ele está hoje? ­– Perguntou Mrisnova ao inrromper a tenda.  Tina fez que não com a cabeça.
— Ainda sem nenhuma reação. Ele sofreu muitos danos mas já era pra ter acordado.
— A quanto tempo ele está assim? ­– Mrisnova ainda não tivera tempo de perguntar sobre o grupo ou o que os havia levado até alí.
— Quatro dias.
— Ele deve ter tido uma batalha das boas pra ficar desse jeito. – Disse Mrisnova com uma ponta de inveja, mas receio de perguntar sobre.
— Nova, o chefe mandou te chamar. – Informou um jovem gigante à entrada da tenda.
— Já mando trazerem alguns remédios. Serve pra nós gigantes, deve fazer algum efeito no pequeno. – Mrisnova ascenou para Tina com a cabeça. Ao sair esbarrou com Katro. Os dois se entreolharam por um segundo e ela seguiu seu caminho.
Katro adentrou a tenda. Tina tentava uma magia de cura sem sucesso.
— O desgraçado parece não querer acordar. – Katrou falou ainda ríspido com o pensamento nos fatos de mais cedo, gerando um suspiro de cansaço de Tina. – Vá descansar um pouco princesa.
  Se ele acordar você me chame na mesma hora.– Ela instruiu ao sair bocejando de sono.
Katro observava atensioso a Daro. Parecia dormir tranquilamente apesar de tudo. Como se estivesse num daqueles sonos de depois de uma noitada regada a muita bebida e mulheres.
— Idash me contou do que você fez. Desgraçado, como ousa me humilhar daquela forma e ficar dormindo assim pra não prestar contas?– O orgulho falava, mas os olhos brilham húmidos.
Idash rompeu a entrada, todo enfaixado e escorado em uma muleta.  Ele percebeu o sentimento de Katro, mas decidiu ignorar para manter a integridade do irmão de batalha. No mesmo instante Katro se fez gigante orgulhoso e inabalável se recompondo.
— Estamos diante de um gigante de alma.– disse Idash, se sentando ao lado de Katro e servindo cerveja ao amigo.
— Deverás meu amigo, um pequeno gigante. – Katro concordou ergendo a caneca recebida num brinde ao desacordado. Idash repetiu o gesto e beberam tudo num gole como um brinde de gigantes deve ser.


*E.5.: Era dos 5
*1793: ano
*7/2: 7° dia da 2° quinzena
* VER.: Verão

quarta-feira, 7 de junho de 2017

O TÃO SONHADO "1K"

Chegouuuuuuuuu! O tão sonhado 1K no whattpad pessoal. Tenho que agradecer a todos vocês que me ajudaram a alcançar essa marca. Pra alguns parece muito pouco, mas pra mim é realmente muito importante. É claro que temos mais de 2K  de visualizações aqui no Blogger, mas lá é onde eu tenho mais contato com todos vocês. Então, Muito obrigado de coração.


terça-feira, 6 de junho de 2017

**MENSAGEM/PEDIDO AOS LEITORES**

Quem tiver gostado do que leu até aqui, ajude na divulgação. É muito fácil. O livro está disponível para leitura no wattpad, onde eu atualizo com muito mais frequência, então vocês verão tudo com muito mais velocidade do que no blogger. Não se esqueçam de votar, comentar e compartilhar. O voto de vocês é o que me indica que estão gostando.
OBRIGADOOO.

A GERAÇÃO DE PRAGAS

Parte 26

VELHOS SENTIMENTOS

E.5.: 1793, 6/2 VER.

Vila das 3 pilastras (próximo do grande reino dos gigantes)

A chuva continuava a cair.  Katro arrastou o dragão para fora do buraco que seu golpe abriu no chão para onde todos pudessem ver. Ele continuava em pé frente à fera abatida enquanto os gigantes remanescentes se aproximavam pasmos e curiosos. Quem era aquele gigante que acabara de salvar a vila? Assim que a multidão se aglomerou ao redor de Katro ele levantou o punho em vitória e deu um urro estrondoso, e logo os aldeões repetiram o gesto num coro estrondoso. No instante seguinte a aura roxa se desfez. Katro perdeu os sentidos imediatamente e tombou para trás, mas antes de cair Idash o segurou.
— Falar tudo isso sobre o orgulho gigante e cair em seguida não é uma boa finalização. – disse Idash em voz baixa – Mas foi uma boa luta meu amigo. Uma boa luta.

...

O sol raiava ao som de machados; marretas e talhadeiras. A vila começava a se reerguer aos poucos. As crianças remexiam os escombros a procura de qualquer coisa não danificada pelo fogo. As mulheres se dividiam em preparar a comida e ajudar os feridos, enquanto que os homens caçavam e cortavam arvores para reconstruir as casas.
— Parece que eu fui atropelado por um exercito. – Disse Katro ao acordar com uma baita dor de cabeça.
— Vai com calma, você ainda não está curado. – A gigante se apressou em alertar.
— Quem é você? – Katro questionou meio rude.
— Mhrisnova – respondeu abaixando cabeça em cumprimento – Fui encarregada de cuidar de você.
— Então "Mhrisnova"... – disse galante –Você vai cuidar de mim!– Terminou avaliando o corpo da jovem com um olhar minucioso e ansioso pra conhecer o corpo de uma gigante. (Já é bastante difícil manter o corpo reduzido no dia-a-dia, imagine fazendo sexo com uma pequena) Só de imaginar já sentia comichões nas calças.
— Tenha mais respeito com a anfitriã. – Tina ordenou ao adentrar no recinto.
— Então não terei o cuidado de que preciso – Katro retrucou inconformado.
— Não se preocupe Tina, nem que ele estivesse em sua melhor forma daria conta de uma Craust. – Mhrisnova rebateu imediatamente, olhando sugestivamente para Katro desconcertado.
— Basta Mhrisnova, não torture nosso salvador. – Disse o velho gigante careca e de barba grande branca como a neve, escorado em um cajado de apoio ao adentrar na tenda. Ela concordou com a cabeça e se retirou. – Poderia nos dar um momento senhorita Tina. – Ela olhou para os dois curiosa sobre o que conversariam que precisava que ela saísse, mas por fim fez que sim com a cabeça e se retirou.
O velho caminhou até um banco velho e sentou-se com um pouco de dificuldade frente a Katro. Ficaram se olhando fixamente por alguns instantes até Katro começar a ficar sem graça.
— Não vai dizer o que quer comigo?–Katro logo perdeu a paciência.
— Ainda estou decidindo se você é idiota ou o que.
— Então veio aqui para me insultar? – Katro questionou tentando manter o respeito com o velho.
— Na verdade não! Hahaha... Embora tenha um pouco de graça nisso. – O velho se explicou entre alguns sorrisos.
— Qual é a graça nisso? Por que não me diz logo o que de uma vez? – Katro questionou, já sem paciência e não se importando mais tanto  com a cortesia.
— A graça meu jovem, é pelo que ainda está por vir.– explicou –Fico empolgado só de imaginar o rumo que a sua vida vai tomar daqui em diante. – Completou serrando os punhos quase não se contendo de empolgação.
— Há é? É que rumo seria esse? – Katro insistiu sem impaciente e estranhando toda aquela conversa inútil.
— Haa você verá... Todos os reinos verão. Mas agora o mais importante é saber, por que você está servindo a um dos pequenos como se fosse um cachorrinho obediente? – O velho questionou agora com um semblante de seriedade.
— Com todo respeito senhor, mas não é da sua conta. – Katro respondeu se esquivando do rumo daquela conversa.
— Hôôô isso tem muito a ver comigo. Sendo você, filho de quem acho que é, isso tem a ver com todos os gigantes.– O velho provocou com um olhar incisivo, causando desconforto e desconfiança da parte de Katro.
— Quem é você? – Katro questionou desconfiado.
— Eu? Eu treinei seu avô, seu tio e seu pai, mas foi me tirada a honra de treinar você. Eu fui o guardião/braço direito da casa Sazion, Guros Craust, líder do clã Craust – o velho se levantou, e ajoelhou-se perante Katro – e fiel ao verdadeiro herdeiro do trono.
— Pare com isso. Levante-se logo antes que alguém veja. – Katro ordenou inquieto, com medo que alguém visse a cena – O senhor está me confundindo com alguém. Levante logo. – Katro finalizou se esquivando.
— Não há engano algum. Eu reconheceria aquele poder em qualquer lugar. – O velho Guros insistiu com um sorriso na face – Você é Katro Sazion, filho de Batro Sazion, rei de todos os gigantes. – Finalizou o velho com um pouco de empolgação, enquanto Katro ficava cada vez mais sério.
— Você está gaga velho. – disse Katro de cabeça baixa.
— Eu sabia. Seu pai finalmente resolveu voltar ao trono. Sempre soubemos que o sumiço do seu pai tinha sido um golpe. Vamos devolver o trono a quem é de direito... Você.
— Você não sabe do que está falando velho. Você não sabe de nada.

*E.5.: Era dos 5
*1793: ano
*3/2: 6° dias da 2° quinzena
* VER.: Verão



A GERAÇÃO DE PRAGAS

Parte 25

O ORGULHO DE UM GIGANTE

E.5.: 1793, 6/2 VER.

Vila das 3 pilastras (próximo do grande reino dos gigantes)

Três dias se estenderam na viagem lenta até o vilarejo do qual Idash havia falado. Os feridos sendo arrastados pelo dinotouro – que são os equivalentes dos gigantes aos cavalos dos pequenos – do gigante em uma maca improvisada faziam com que o ritmo da viagem fosse lento. À medida que se afastavam da floresta das mil lágrimas as arvores colossais iam dando espaço a grandes planícies cobertas de pastagem.
O sol já se punha e uma chuva intensa – que parecia uma garoa se comparada à chuva que viram na floresta – tomara seu lugar quando finalmente conseguiram avistar as luzes do vilarejo. Ao chegarem mais perto, perceberam que as luzes não eram tochas, mas sim as casas pegando fogo. Os habitantes todos alvoroçados correndo de um lado para outro; ajudando os feridos; tentando apagar o fogo; e tentando armar uma defesa contra alguma coisa.
— Fiquem aqui e protejam os feridos. – Disse Idash ao ver a cena. Pegou a espada e o escudo, acenou que sim para Tina e correu para a vila. Ele correu até os guardas que tentavam a todo custo apagar o fogo. – O que aconteceu aqui? – Antes que alguém pudesse responder, uma rajada de fogo iluminou o céu, ateando fogo ao redor da vila. O barulho auto de bater de asas indicava algo grande. Mais uma rajada e fechou-se o cerco, ilhando os moradores que se abrigavam desesperados embaixo de qualquer coisa tentando proteger as mulheres e crianças que sobraram. Mais uma vez o som de asas batendo se fez ouvir. Lentamente algo veio descendo do céu até pousar na pilastra gigantesca na entrada da vila.  – Um dragão! Será que eu encontrei a minha batalha final?– disse com um sorriso falso no rosto ao ver o que teria que enfrentar – De todo modo parece que só fiquei eu entre você e a vida dessas pessoas! – Disse acomodando o escudo no antebraço esquerdo ao ver o quão amedrontados estavam aqueles gigantes.
Os Dragões geralmente ficam nas montanhas e só saem de lá pra caçar na floresta das mil lágrimas, em parte devido ao tamanho das presas lá encontradas e em parte pelo espaço entre as arvores e galhos não atrapalharem o bater de suas grandes asas. Ataques a vilas ocorrem sim, mas muito raramente e quase nunca lançam chamas, gostam de comer carne fresca. Só cospem fogo quando estão ameaçados.
O rugido ensurdecedor deixou bem claro a fúria do animal. Um pequeno impulso e lá se foi o dragão ao ar novamente. Todos escondidos, o alvo era claramente Idash que se mantinha firme e imponente como um gigante orgulhoso que era. O animal bateu asas numa velocidade que desafiava o próprio tamanho em direção ao gigante. Idash se firmou em posição de batalha e preparou o golpe, porem imediatamente o dragão alçou o vôo para cima sumindo na escuridão do céu esfumaçado. Alguns segundos depois, a fera deu um mergulho silencioso na direção do oponente, lançando uma bola de fogo esmagadora. Idash estava concentrado e habilmente se esquivou da morte que teria ao ser atingido por aquela monstruosidade de fogo que queimava até a chuva que caia forte. Agora com o dragão voando baixo, era possível vê-lo e imediatamente e com uma precisão de um arqueiro lançou o escudo com a força que tinha na direção do bicho, acertando certeiramente na junta da asa esquerda. O animal foi ao chão ainda mais furioso e agora com a dor de uma asa inutilizada. Agora teria que lidar com a fera no chão onde tinha certa vantagem, porém ainda era um desafio e tanto.
— Me dê tudo o que você tem fera. Você verá do que é feito um gigante de verdade. – Comentou ao ver a besta em fúria cair em meio aos escombros que ela mesma produziu.
O animal sacudiu a poeira a partiu a galopes para mais um ataque feroz contra Idash. A boca se abriu num bote que o gigante já esperava, mas antes que conseguisse cravar os dentes em sua barriga, Idash lhe acertou um golpe de espada bem no meio da cabeça, não o suficiente para cortar a couraça extremamente poderosa, mas fazendo o bicho recuar a cabeça com o impacto e tão rápido quanto o ataque, o dragão deu meia volta dando uma chicotada com a calda que pegou em cheio no gigante jogando-o contra uma casa em chamas que despencou em cima dele com o impacto.
O fogo do dragão era poderoso, e queimava mesmo em meio à chuva intensa que ainda caia. O ataque da fera causou mais dano do que Idash poderia imaginar. Sua cabeça sangrava enquanto os escombros flamejantes queimavam o seu corpo quase nu. Antes que pudesse se recompor, uma bola de fogo o atingiu em cheio jogando-o ainda mais longe. De repente algo parou a trajetória do corpo do gigante, num rompante seco. Idash estava seriamente ferido e já estava quase perdendo a consciência, mas quando viu aquele rosto, se forçou a ficar lúcido um pouco mais.
— V-você não devia estar aqui. – exprimiu Idash em uma fala ensanguentada.
— Você lutou bem meu amigo. Seu orgulho será honrado. Eu assumirei a luta daqui em diante. – começou a andar em direção ao dragão – LIBERUM REX. – Saindo das chamas com determinação no olhar Katro liberou seu poder selado, para recompor uma vez mais o orgulho daqueles gigantes amedrontados e vingar a derrota do amigo guerreiro.  Uma esfera de Aura roxa apareceu em seu punho, mas diferente de quando feito em Tantrum a esfera tinha o dobro do tamanho, rapidamente envolveu seu braço e dali se estendeu rapidamente até formar uma armadura roxa como uma seda semitransparente e firme como aço.
O dragão baforou labaredas pelas ventas, e lançou uma bola de fogo mortal contra Katro que caminhava firmemente sem se importar com o que vinha em sua direção. O ataque do dragão o atingiu em cheio causando uma explosão de fogo e morte, mas em meio as chamas a silueta de Katro ainda caminhava firmemente na direção do animal descontrolado. A fera começou a bater as asas suspendendo seu corpo do chão até sumir mais uma vez no céu enegrecido pelas nuvens e pela fumaça. Logo veio um rasante e uma rajada de fogo que atingiu mais uma vez o gigante de armadura.
— Gigantes são guerreiros de natureza, e você tenta sub-julgar nosso espírito orgulhoso. – dizia Katro recebendo todo o fogo do dragão enquanto o via vir em sua direção, soprando fogo de boca aberta pronto para abocanhá-lo em seguida – Aprenda uma coisa dragão... – a fera abocanhou o gigante, e num impacto seco, como se mordesse uma rocha, parou subitamente, os dentes não conseguiam penetrar a armadura de aura. O punho direito começou a brilhar levemente. O dragão percebendo o perigo tentou se soltar, mas Katro segurava firmemente a presa da fera com a mão esquerda. – nem o fogo do inferno pode queimar o orgulho de um GIGANTEEEEE. – Katro gritou com a ira de todos os gigantes derrotados ali, dando um soco com um poder extraordinário, esmagando o crânio do dragão em um buraco cada vez maior pelo impacto do orgulho gigante materializado.
Todos os gigantes começaram a sair debaixo de escombros admirando aquele gigante sair do buraco vitorioso.  

*E.5.: Era dos 5
*1793: ano
*3/2: 6° dias da 2° quinzena
* VER.: Verão



A GERAÇÃO DE PRAGAS

Parte 24

A FLORESTA DAS MIL LAGRIMAS

E.5.: 1793, 3/2 VER.

Floresta das mil lágrimas (próximo do grande reino dos gigantes)

— Tina! – Bis gritou com a felicidade de uma criança correndo para os braços da mãe. Jogou-se nos peitos de Tina abraçando-a e esfregando o rosto em seus seios de forma nada inocente.  – Você está ferida, espera um pouco que eu dou um jeito nisso. – Ao proferir essas palavras, imediatamente os ferimentos de Tina foram se fechando sem deixar sequer uma cicatriz.
— Como você fez isso? – Tina indagou ao perceber que não sentia mais dor ou cansaço.
— É fácil! Mas não conta pros dois ali. – apontou com a cabeça pra Daro e Katro desmaiados no chão – Vão ficar me pedindo pra curar qualquer feridinha, e isso cansa.
— Biis! –Tina horrorizou-se com o descaso de Kalebs. O garoto não fazia noção da gravidade da situação — Eles estavam quase morrendo.
— Morrendo nada, Daro não morreria assim tão fácil, e eu não gosto do grandão, ele é chato. – Bis se apressou em se justificar. O gigante que via toda a cena começou a rir. Era um grupo bastante inusitado esse que o companheiro gigante se meteu.
Antes que Tina pudesse se apresentar ao gigante benfeitor que acabara de salvar a vida de Daro e de seu guardião, uma enorme quantidade de água desabou ali perto, o que acabou fazendo um buraco e espalhando lama pra tudo que é lado. Logo em seguida mais uma tonelada de água despencou do céu.
— O que foi isso? – Tina começou a se desesperar. Nunca havia visto tamanha quantidade  de água cair do céu. Só vinha a mente uma cachoeira pelo volume.
— Parece que vai chover! – Idash falou de forma corriqueira fazendo parecer algo comum.

...

 O barulho era similar ao de uma cachoeira, só que muito mais intenso. Se Idash não tivesse armado sua barraca e abrigado os jovens, com certeza estariam em sérios apuros. Já durava algum tempo e Idash se mantinha em êxtase sentindo os espasmos involuntários devido à ajuda de antes. Todos se mantinham em silêncio, até Bis disparar as perguntas.
— Que tipo de Chuva é essa? Você também encolhe como o grandão? Porque você o ajudou? – Bis não aguentou manter a língua dentro da boca. Embora Tina tenha ficado um pouco constrangida com a naturalidade e informalidade com que Bis perguntou, ela não interveio já que ela mesma também queria saber tais respostas.  O gigante Idash saiu de seus pensamentos com uma breve risada, ao ver o quão curioso era o pequeno e insignificante serzinho a sua frente.
— Vocês não fazem a menor idéia de onde estão não é? – Idash indagou esquecendo um pouco cansaço.  Tina e Bis fizeram que não. — Esta é a floresta das mil lagrimas que rodeia o grande reino de Brokenfel. – disse abrindo os braços.
— Brokenfel? Estamos no território dos gigantes? – Tina perguntou perplexa. A não muito tempo estavam no território mágico.
— Como é que vocês vieram parar no território dos gigantes sem saber como chegaram aqui? Estamos quase no meio do território e não se lembram de como entraram!
— Essa é nova pra mim. O máximo que eu vi Daro conseguir saltar foi umas dez léguas. – Bis comentou pensativo.
— Vocês estão a muito mais que isso de distância de qualquer outro território. – Idash reafirmou.
— E você também encolhe como ele? – Bis continuou com o interrogatório ignorando totalmente a relevância do que conversavam. — E por que você ajudou ele?
— Eu, me encolher? – ele riu – Gigantes são gigantes, nós não encolhemos. – Idash encarou como uma piada.
— Ele encolhe. – Bis refutou a afirmação do gigante apontando para Katro.
—Quem são vocês? – O gigante parou de rir e os analisou seriamente por uns instantes.
— Mercadores... de itens raros. – Tina se adiantou dando uma leve hesitada, mas logo completou com voz mais firme, antes de Bis falar de mais. Mesmo estando aparentemente muito distante do território mágico não dava pra saber até onde a notícia tinha se espalhado.
— Mercadores? – Idash repetiu olhando para Tina e logo depois voltando o olhar para Bis procurando por alguma hesitação – E onde está a carga de vocês? – Provocou.
— Infelizmente ladrões nos encurralaram, e enquanto lutávamos por nossa carga, de repente acordamos aqui. – Tina se esforçou em ser convincente.
— Ladrões? Fizeram vocês todos virem parar no meio do território dos gigantes só para tomar a carga de vocês? – Idash continuou a provocação.
— De certo que descobriram o valor da carga e contrataram alguns mercenários de Anárquia. Tínhamos itens raros de todos os territórios, valia uma fortuna. – Continuou com a versão.
— Ta certo. Não acreditei em uma só palavra do que você disse, mas tudo bem, se não querem dizer quem são devem ter seus motivos. – O gigante concordou que era melhor nem saber, fazendo com que Tina acenasse positivamente com a cabeça — Perto daqui há uma vila que dizem ser receptiva a pequenos. Vou deixá-los lá, onde o guerreiro gigante e também o outro poderão receber os devidos cuidados. E de lá cada um segue seu caminho. – Finalizou com um aceno de cabeça correspondido por Tina e Bis.

*E.5.: Era dos 5
*1793: ano
*3/2: 3° dias da 2° quinzena
* VER.: Verão



A GERAÇÃO DE PRAGAS

Parte 23

IDASH: Amigo ou inimigo?

E.5.: 1793, 3/2 VER.
Algum lugar a nordeste de Brokenfell(grande reino dos gigantes) 

O gigantesco homem seguia viagem montado num enorme quadrúpede, com um bico que se assemelhava a uma águia e chifres interligados por uma carapaça no formato de uma tiara. Um estrondo repentino fez o animal parar num rompante. O gigante rapidamente apanhou sua clava e se pôs em guarda. Ele desceu de sua montaria e começou a andar sorrateiramente em direção ao barulho. Um barulho daquela proporção era bom investigar. Um estalar de madeira se partindo antecedeu a queda de uma enorme galha próxima do gigante indicando que já estava próximo de seja lá o que for aquilo.
Em meio a uma cratera gigantesca jazia um enorme corpo todo dilacerado. O gigante correu até ele. Katro agonizava. O corte no ombro se abriu e alem dele agora tinha um enorme furo em seu abdômen. Ele agonizava, mas não movia sequer um músculo. – deve ter tido uma batalha e tanto. E mesmo assim foi deixado para morrer de forma tão humilhante. Pobre coitado. – Pensou. O viajante o virou de lado e imediatamente ele cuspiu litros de sangue meio coalhado que o estava impedindo de respirar.
— Se afaste dele agora mesmo. – gritou Daro moribundo, quase perdendo a consciência enquanto se arrastava para perto do amigo.
— Um verme como você ousa dar ordens a um gigante depois do que fez? – vociferou o homem indignado ao ver um da sua raça naquela situação e aparentemente por causa de um pequeno. – Vou te esmagar e depois darei ao meu amigo uma morte honrada.
— Você não vai encostar um dedo sequer nele. – Daro reafirmou o compromisso com determinação.
— Continua a me dar ordens! Se fosse um gigante eu lutaria com você, mas um verme quase morto não merece tal honra. – Afirmou o gigante percebendo o estado de Daro. Virou-se para Katro pronto para dar ao compatriota uma morte digna. Ao sacar sua adaga, Daro o acertou um golpe nas costelas com o restinho de força que lhe restava jogando o gigante para longe de katro.
— Você não vai tocar um só dedo nele. – Mais uma vez Daro reafirmou o compromisso, agora se colocando entre o amigo e o viajante.
— Isso é coisa de gigantes. Não se intrometa nisso no que não é da sua conta. – vociferou o gigantesco viajante inconformado em deixar um gigante ter uma morte tão humilhante assim. Ao ver a determinação nos olhos de Daro se acalmou um pouco mais – Muito bem, terminem o seu combate, mas ouça garoto, não ouse deixar aquele gigante morrer engasgado com seu próprio sangue, acerte o coração. – Aconselhou guardando a adaga.
— Você não entendeu... – Daro exprimiu as palavras para fora – Não vou deixar que ninguém toque nele, e tampouco que ele morra. Ele é meu amigo e não morreria assim tão fácil.
O homem voltou ao semblante raivoso por um instante, mas resolveu ver o que acontecia. Ele deu de ombros e apontou para Katro estirado no chão.
— Vá em frente, mas tenha em mente que se esse gigante morrer, você também morre. – Finalizou o gigante se sentando para observar ainda com a cara fechada.
— Biiss. – Daro Gritou chamando o amigo. Imediatamente o pequeno apareceu em cima do peito de Katro, gerando um espanto no viajante.
— Por que será que ele ficou gigante dessa vez? – A criança começou a perguntar ignorando totalmente o estado de Katro.
— Você já conhece alguma magia de cura? – Questionou Daro ignorando a pergunta de Bis.
— Da outra vez ele não ficou gigante. – Bis ignorava totalmente a situação.
— Biiss. – Gritou Daro com seriedade. Bis nunca tinha visto Daro com tamanha determinação.
— O máximo que posso fazer é uma transferência de dano. O ideal seria um inimigo, mas já que não temos um no momento posso passar os danos para a outra pessoa. – Terminou sugestivamente olhando para o viajante que imediatamente segurou no cabo da adaga.
— Faça comigo.
— O que? Mas...
— Biiisss... Muitas pessoas já morreram por minha causa... Não vou permitir que ninguém mais morra por mim. Nunca mais. Façaa. – O gigante ficou pasmo ao ver a determinação de um pequeno em salvar a vida de um gigante. Os pequenos consideravam os gigantes apenas como armas de destruição há tanto tempo que até eles mesmo achavam que não tinha propósito em viver sem guerrear e mostrar que eram os melhores em causar destruição. Ver alguém tão determinado em salvar a vida de um gigante era quase que inconcebível até pra ele mesmo, e isso o fazia ficar um pouco envergonhado ao ver outra espécie mais interessada na vida de um gigante do que um de sua própria espécie. – Quem é esse garoto? – pensou.
— Biiss. – Daro ralhou mais uma vez – Façaaa.
— O seu corpo vai... Ficar em pedaços, e nada garante que vai ser o suficiente. – Ao terminar de falar Katro começou a golfar mais sangue.
— Kaleeeebs. – Daro gritou mais uma vez com ainda mais determinação a não deixar o amigo morrer.
— Já que você quer tanto morrer, aproxime se dele e reúna o máximo de mana que conseguir.  – Daro se arrastou até perto de Katro e começou a reunir todo o mana que podia. Bis começou a produzir círculos de luz envolvendo os dois. Antes que pudesse iniciar o processo, o gigantesco viajante adentrou ao circulo.
— Seria uma vergonha, um gigante deixar um de sua própria raça ser salvo por “pequenos” enquanto observa tudo sem fazer nada. Faça isso comigo também. – Todos se entreolharam por um instante estranhando a ação do gigante que agora a pouco tentava tirar a vida de Katro. Bis não pensou duas vezes. Um circulo se formou em volta do gigante imediatamente. — Meu nome é Idash Karay e não deixarei que esse gigante morra. – Daro e Bis acenaram positivamente. O processo começou. Daro e Idash gritavam com a força que faziam para manter seus manas em alto nível e ao mesmo tempo com a dor que lhes era infundida pelo processo. O buraco no peito de Katro foi lentamente se fechando enquanto Daro perdia a consciência. O gigante o pegou com uma mão e o jogou para fora do circulo – Eu assumo daqui pequeno. – Ao jogar Daro para fora o peso do processo de transferência se focou todo nele, fazendo-o dobrar o joelho no chão. Idash mostrava muita determinação ao resistir ao processo. Os gritos eram ouvidos a distância. Tina finalmente apareceu, havia sido jogada longe e também parecia ferida, mas nem Bis e nem Idash se deixaram distrair pela sua presença. O gigante se pôs de pé novamente com muito esforço e determinação. De fato aquele gigante havia lutado muito, e bravamente para ter ficado naquele estado. Merecia viver e Idash havia dado a sua palavra. Os gritos se intensificaram assim como a luz emitida pelo circulo até chegar ao ápice do processo. O circulo se fechou no machucado de Katro, agora apenas um roxo no lugar de um buraco. No mesmo instante o gigantesco viajante caiu de joelhos. — Que batalha esse gigante deve ter enfrentado para ficar nesse estado! – disse Idash com certa empolgação ao sentir seus músculos tremerem em espasmos involuntários.
A convulsão parou junto com o processo de transferência e agora Katro parecia Dormir tranquila e profundamente enquanto Idash ofegava exausto.
— Vamos tomar uma cerveja e você vai me contar como conseguiu ficar nesse estado meu amigo. – Disse o gigante se sentando ao lado de Katro ainda adormecido. Seus músculos se contraiam em espasmos involuntários à medida que o suor escorria pelo seu rosto provando o tamanho do esforço para salvar a vida daquele desconhecido.

*E.5.: Era dos 5
*1793: ano
*3/2: 3° dias da 2° quinzena
* VER.: Verão




A GERAÇÃO DE PRAGAS

Parte 22

A INVESTIGAÇÃO DE CALUS

E.5.: 1784, 13/5 PRI.
Reino primordial (floresta)

Mal apareceram em um cenário diferente com o teletransporte, e Taram já havia conjurado um feitiço de contenção que detiveram os movimentos de Daro. Com seus movimentos selados e longe de Kalebs, logo a fisionomia de Daro foi voltando ao normal enquanto que sua consciência se esvaia até desmaiar.  Taram desfez os selos enquanto percebia que a aura poderosa que via instantes atrás não mais existia em Daro.
— Então é assim que funciona na pratica! – proferiu Taram coçando a barba enquanto observava Daro desfalecido no chão – Parece que temos a ultima chave, só terei que lapidá-lo para se encaixar nos meus planos.

...

— Você tem noção do tamanho da briga que vai comprar? Não serão apenas os magos mais poderosos, serão todos os reinos, grandes e pequenos... Todo o continente de inimigo. – Indagou Kalebs com um tom desacreditado e intrigado com o que ouvira.
— Não se preocupe comigo, o importante é que você cumpra o combinado. E depois, independente de eu ter sucesso ou não, você terá a sua liberdade. – Calus respondeu esticando o braço na direção do Darksh.
— Não vai ser nenhum sacrifício pra mim, e ainda estarei livre no final dessa história, supondo que eu ainda esteja vivo quando isso acabar não é. Bem acho que vai mais divertido do que ficar aqui pela eternidade.  Trato feito garoto. – Finalizou apertando a mão de Calus.
— Obrigado, e desculpe por isso.
— Desculpar o q... – Antes de finalizar, o Darksh perdeu a consciência caindo no chão.  Não demorou nada e Taram apareceu novamente no trazendo uma tocha
— Calus, teve alguma dificuldade para contê-lo? – A voz chegou antes mesmo de se fazer visível o velho de um braço só.
— Um pouco sim senhor, mas acabei dando a sorte de ele pisar no colar. – respondeu com uma expressão de cansaço e satisfação por ter conseguido conter o Darksh. Parece funcionar muito bem nele – respondeu, vendo que o mago havia engolido a versão apresentada. E Daro? – Questionou, agora com preocupação na voz.
— Está no quarto, descansando. Fique de olho nele enquanto refaço a cela deste pequeno infortúnio. – Ordenou sem olhar para Calus e com um tom de menosprezo.
Calus foi caminhando pelos corredores em direção ao quarto de Daro, imerso em seus pensamentos. “As intenções dele ainda não estão claras o suficiente. Tenho que ser cauteloso. Tenho que esperar o momento certo”. Passava em frente à biblioteca quando algo lhe chamou a atenção. Um jovem de aparência agradável, mas com uma expressão séria, olhando fixamente para o grimório de Taram. Antes que pudesse observar mais, a porta se fechou num rompante. Realmente muito estranho, nunca havia visto um visitante sequer.
Naquele mesmo dia ao cair da noite, Calus caminhava pelo castelo sorrateiramente escondendo a sua presença como já vinha fazendo há algum tempo. Aquela noite havia um motivo a mais para suas investigações. O visitante misterioso. O jovem andava a passos confiantes em direção a biblioteca, de onde vinham vozes.
 — As chaves são bem protegidas... – Calus redobrou a cautela e amaciou ainda mais os passos, para não ser notado – Não descuide da sua chave, vai ser o ultimo sacrifício.
— Não se preocupe com isso, manterei sobe as minhas asas até a hora chegar.
— Acho que seria bom matar a outra criança, além de desnecessária ela viu meu rosto hoje enquanto eu tentava extrair mais algum detalhe sobre a barreira.
— Creio que não haja necessidade, posso apagar a memória dele facilmente, e depois o garoto é promissor.
— Faça o que quiser contanto que não atrapalhe no nosso objetivo, caso contrário terei que eliminá-lo.
— Caso ele se torne um empecilho eu mesmo cuidarei dele.

  Calus já havia escutado o bastante da conversa, era melhor sair dali antes que fosse pego. Agora estava mais claro do que nunca que suas suspeitas estavam certas, aquele homem não era de confiança e aquele lugar não era seguro.  Voltou para o seu quarto e se deitou na cama, esperando para ter sua memória alterada. Depois de algum tempo, a porta se abriu lentamente. Ele fingiu estar em sono profundo.
— Viu o rosto de alguém muito perigoso garoto, esqueça e viva um pouco mais. – Disse Taram em voz baixa para não acordá-lo, lançou-lhe o feitiço e saiu porta a fora.  Ao ouvir os passos se distanciando, Calus abriu os olhos e retirou a mão que segurava uma pedra azul debaixo do cobertor. “ainda bem que deu certo” pensou.
— Que situação complicada você me colocou Doms. – Murmurou dando um suspiro de cansaço deixando o corpo relaxar a espera do sono.

*E.5.: Era dos 5
*1784: Ano
*13/5:13° dia da 5° quinzena
*PRI.: Primavera


A GERAÇÃO DE PRAGAS

Parte 21

UNIFICAÇÃO

E.5.: 1793, 4/2 VER
Elam(extremo norte do território mágico)

Baltaz deliberava, julgava e ordenava de seu trono. Ao lado o gigante, sempre de cara fechada, juntamente com o homem bem vestido e com a espada dourada na sinta, sempre a observar. Ele sacudiu a mão esquerda e rapidamente o homem bem vestido abaixou a cabeça para ouvir a ordem, e acenando que sim com a cabeça em seguida.
— O rei não atenderá mais ninguém hoje. – O homem discursou em tom alto aos servos que ainda aguardavam em fila. Todos foram saindo de cabeça baixa, deixando a sala vazia em instantes, deixando apenas Baltraz e seus pensamentos no local.
Dois toques suaves antecederam a abertura das portas por seus guardas.
— Já disse que não irei atender mais ninguém, não disse?– Soltou a insatisfação.
— Creio que o senhor não recusará atender uma visita vinda de tão longe, lorde Baltraz. – Disse o viajante de cabelos pretos compridos, olhos claros e postura imponente e segura, como se o mundo fosse seu. Os dois guardas de armaduras douradas que o seguiam aguardaram juntos aos outros dois que na porta.
— Claro que não meu príncipe! – falou graciosamente se recompondo do susto da improvável visita. Príncipe Victóryus, primogênito de Feygan, senhor do grande reino de Astygan, e protetor das terras mágicas; seja bem vindo a Elam – Discursou em voz alta, e finalizou abraçando o viajante.
— Não precisa de tantas formalidades meu lorde. – Afirmou o príncipe, mesmo sua feição mostrando o contrário.
— O que o traz a Elam príncipe Victóryus? – Questionou Baltraz não conseguindo conter sua inquietação da surpresa.
— Venho trazer uma mensagem de meu pai. – disse – Espero que não se importe de eu ter mandado chamar seus conselheiros para tal. – Finalizou sarcástico.
— Claro que não meu príncipe. – manteve a compostura mesmo diante da visível afronta sofrida – Vamos indo então para a sala do conselho, não vamos deixar nossos amigos esperando pela boa nova, não é mesmo. – finalizou conduzindo o príncipe enquanto pensava sobre qual seria essa mensagem que faria Feygan mandar seu primogênito em vez de um peregrino-mensageiro ou mesmo um mensageiro, de toda maneira não parecia nada bom.
Todos se entreolharam ao ver o príncipe de Astygan entrar na sala do conselho ao lado de Baltraz. Os dois entraram, enquanto que os quatro guardas opostos pararam na porta, cada um do seu lado, deixando claro não estarem do mesmo lado. O rei assentou a cabeceira da mesa como dita a hierarquia, e o Príncipe Victóryus na outra extremidade.
— O que o traz a Elam príncipe Victóryus? – Sanvis perguntou casualmente, com toda a cautela, formalidade e respeito que pode.
— O que o trouxe aqui é exatamente o motivo dessa reunião... –Baltraz inquiriu antes que o príncipe se pronunciasse. — Que, diga-se de passagem, também me deixou muito curioso. – completou – Então Victóryus, qual é a notícia que fez Feygan o expor aos perigos de uma viagem longa assim só para dá-la pessoalmente.
— Primeiro, devo agradecê-los nobres membros deste conselho por atenderem a minha solicitação para esta reunião repentina. – o príncipe começou a falar, sempre demonstrando firmeza e segurança, e é claro que com um toque gigantesco de superioridade – Depois, não é bem uma notícia, está mais pra uma proposta; E por ultimo, meu pai não chegou a me expor a perigo algum já que eu repousei em casas aliadas pelo caminho, inclusive agora. Praticamente passeei pelo quintal de Astygan! – Finalizou dando uma agulhada nos Elanianos.
— Certamente. – Baltraz confirmou sendo visivelmente irônico, mas nada que fizesse mudar a expressão confiante de Victóryus.
— Agora vamos ao que me trouxe aqui. – a expressão ficou séria – Meu pai recebeu duas mensagens que o fizeram tomar medidas; uma de Elam, dizendo que a princesa Tina havia sido raptada por um forasteiro em conluio com o chefe de sua própria guarda particular, e é claro que meu pai ficou sensibilizado com a situação, de forma que ordenou o resgate da princesa e a execução de seus captores; e outra de Tantrum, que como todos já devem saber, sofreu um ataque deixando-a com uma baixa significante no contingente e com um prisioneiro a menos, fato que desmoraliza a reputação de “A maior e mais segura prisão dos cinco grandes reinos”, e fragiliza a imagem de Astygan perante os cinco domínios. A mensagem falava de um Gigante, um Trax e uma jovem Maga que Gradian identificou como uma princesa, que acreditamos ser Tina. – todos torceram o nariz como se fossem se pronunciar, mas antes que reagissem ele continuou – Que é claro não estava lá por vontade própria. Sabendo disso meu pai ordenou o resgate da princesa e a execução de seus captores.
— Agradeço pela preocupação de Feygan com o bem estar de minha filha. – Baltraz não conseguiu conter a inquietação – Mas vamos direto ao ponto. Que proposta é essa que seu pai me enviou? – Finalizou com um olhar incisivo.
— A proposta de meu pai é uma aliança. – Todos começaram a cochichar entre si.
— Uma proposta de aliança poderia ser enviada por qualquer peregrino. – Retrucou Baltraz demonstrando a desconfiança.
— Que maneira melhor de demonstrar confiança se não vindo eu mesmo. E depois, não é uma aliança entre Astygan e Elam.
— Como assim? – Baltraz pôs a mão na espada.
— É uma unificação de todos os reinos do território mágico. Como eu disse antes, o caminho até aqui foi como andar no quintal de Astygan. – As palavras fizeram todos na sala gelarem ao perceberem que estavam totalmente derrotados, o que rendeu uma bela sensação e um sorriso de canto de boca ao príncipe.
— Que tipo de aliança seu pai pode querer com Elam se já comanda todo o território? – Questionou temeroso com voz firme mas ainda deixando transparecer sua preocupação.
— Exatamente... Todo o território... Que enquanto Elam não estiver conosco, não estará completo. Por isso é que meu pai propõe um casamento entre mim e a princesa Tina. O herdeiro de Astygan e a princesa de Elam para formar a ultima aliança de sangue e selar assim a união definitiva das casas mágicas. – disse retirando um pequeno pergaminho com o selo do rei e se ajoelhando em seguida – Algo grande está por vir e o senhor é quem vai decidir se quer fazer parte.

*E.5.: Era dos 5
*1793: Ano
*4/2: 4° dia da 2° quizena
*VER: Verão