Parte 28
PEQUENO GIGANTE
E.5.: 1793, 7/2 VER.
Vila das 3 pilastras (próximo do
grande reino dos gigantes)
Um clima sério e meio
triste pairou sobre Katro por uns instantes, então ele se levantou sem dizer
uma única palavra e saiu tenda a fora deixando o velho Guros ajoelhado no chão.
A vila embora muito
destruída já começava a parecer habitável novamente. Apesar de ser uma vila
relativamente pequena, era a primeira vez que Katro via aquela quantidade de
gigantes. O único gigante que conhecia era seu pai, era de se esperar que
ficasse impressionado. Mais a frente havia um cercado onde a criação de mamutes
da vila pastava serenamente como se nada tivesse acontecido. Ele escorou na
cerca perdido em seus pensamentos, admirado com a beleza de sua terra natal e
como era injusto não ter tido a oportunidade de crescer com aquilo, no meio de
seu povo.
— Então você é um
príncipe? – disse Bis se fazendo visível sentado na cerca ao lado de Katro – O
que aconteceu? Por que seu pai não quis ser o rei? – Disparou a perguntação
antes mesmo que o gigante se recuperasse do susto.
— Filho da puta. – o
gigante se irritou e imediatamente agarrou o pequeno apertando-o com a mão
direita – Então estava bisbilhotando é? Agora você vai pro inferno. – Finalizou
arremessando o pequeno Bis para o horizonte como uma lança, fazendo o pequeno
bisbilhoteiro sumir ao longe.
— Não devia fazer isso
com o pequeno!
Katro se virou de
repente com a voz vinda de trás de si. Mhrisnova assistira toda a cena.
— O que você tem a ver
com isso? – Perguntou ríspido demonstrando que não queria companhia.
— Ele ficou ao seu
lado o tempo inteiro enquanto você esteve desmaiado e até foi procurar as ervas
que precisamos para te tratar.
Katro se manteve calado
com o olhar no horizonte.
— Eu não sou como o meu
avô, não dou a mínima pra você ser o príncipe... – o comentário rendeu um olhar
exasperado de Katro – Eu não o seguiria apenas por ser filho de quem é.
— Você não me conhece;
não sabe quem eu sou; nem você, nem seu avô, e nem ninguém aqui sabe nada sobre
mim. – Katro finalizou rude como sempre, dando as costas à Mhrisnova.
— E pelo visto nem você
mesmo sabe quem é. – Ele interrompeu a passada por um segundo, mas depois foi
embora sem dizer nada.
Daro jazia desacordado
num leito. Sob sua testa tina punha um pano húmido que acabara de torcer.
— Acorde Daro! –
Exclamou num supiro.
— Como ele está hoje? –
Perguntou Mrisnova ao inrromper a tenda. Tina fez que não com a cabeça.
— Ainda sem nenhuma
reação. Ele sofreu muitos danos mas já era pra ter acordado.
— A quanto tempo ele
está assim? – Mrisnova ainda não tivera tempo de perguntar sobre o grupo ou o
que os havia levado até alí.
— Quatro dias.
— Ele deve ter tido uma
batalha das boas pra ficar desse jeito. – Disse Mrisnova com uma ponta de
inveja, mas receio de perguntar sobre.
— Nova, o chefe mandou
te chamar. – Informou um jovem gigante à entrada da tenda.
— Já mando trazerem
alguns remédios. Serve pra nós gigantes, deve fazer algum efeito no pequeno. – Mrisnova
ascenou para Tina com a cabeça. Ao sair esbarrou com Katro. Os dois se
entreolharam por um segundo e ela seguiu seu caminho.
Katro adentrou a tenda.
Tina tentava uma magia de cura sem sucesso.
— O desgraçado parece
não querer acordar. – Katrou falou ainda ríspido com o pensamento nos fatos de
mais cedo, gerando um suspiro de cansaço de Tina. – Vá descansar um pouco
princesa.
— Se ele acordar você me chame na mesma hora.–
Ela instruiu ao sair bocejando de sono.
Katro observava
atensioso a Daro. Parecia dormir tranquilamente apesar de tudo. Como se
estivesse num daqueles sonos de depois de uma noitada regada a muita bebida e
mulheres.
— Idash me contou do
que você fez. Desgraçado, como ousa me humilhar daquela forma e ficar dormindo
assim pra não prestar contas?– O orgulho falava, mas os olhos brilham húmidos.
Idash rompeu a entrada,
todo enfaixado e escorado em uma muleta.
Ele percebeu o sentimento de Katro, mas decidiu ignorar para manter a
integridade do irmão de batalha. No mesmo instante Katro se fez gigante
orgulhoso e inabalável se recompondo.
— Estamos diante de um
gigante de alma.– disse Idash, se sentando ao lado de Katro e servindo cerveja
ao amigo.
— Deverás meu amigo, um
pequeno gigante. – Katro concordou ergendo a caneca recebida num brinde ao
desacordado. Idash repetiu o gesto e beberam tudo num gole como um brinde de
gigantes deve ser.
*E.5.:
Era dos 5
*1793:
ano
*7/2:
7° dia da 2° quinzena
*
VER.: Verão
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