PARTE 29
E.5.: 1793, 7/2 VER
ASCENÇÃO
Turdália(Leste do
território Humano)
Os passos estralavam
pelo piso do grande corredor. O homem grande e forte com uma capa e uma coroa
na cabeça carregava consigo uma pequena escolta de seis soldados. Caminhavam a
passos a passos largos como quem tem pressa pra chegar. As mãos estalaram nas
grandes portas que se abriram num rompante de raiva. As chamas das várias
tochas espalhadas nas paredes iluminavam o grande e luxuoso salão do trono.
Alguém jazia sentado ao trono rodeado de guardas, feiticeiros e anciões.
— O que significa isso?
– ralhou o homem ao ver outra pessoa sentada em seu lugar – Diga Takar, o que
faz no meu trono seu insolente. Não pense que por ser meu filho irá se safar dessa.
– Vociferou autoritário.
— Ora ora... Que recepção é essa meu pai? Seu herdeiro retorna para casa e é assim que o recebe? – Falou dissimuladamente, abrindo os braços.
— Ora ora... Que recepção é essa meu pai? Seu herdeiro retorna para casa e é assim que o recebe? – Falou dissimuladamente, abrindo os braços.
— Que conversa é essa
Takar? Sabe muito bem que seu irmão é
que vai herdar o trono. – Questionou o rei sem entender o significado daquelas
palavras do filho.
— Em alguns dias serei.
– Afirmou com voz firme.
— O que pretende fazer
seu... – rosnou entre dentes avançando para cima de Takar ainda sentado no
trono. Imediatamente os guardas sacaram suas espadas impedindo o avanço – Como
ousam levantar armas contra seu rei? Abaixem já as suas armas guardas. É uma
ordem. – vociferou o homem com a autoridade que lhe cabia, porém os guardas
continuaram firmes de espada empunho – não serei piedoso com traidores. Larguem
agora mesmo as espadas antes que eu considere um ato de traição. – Insistiu.
— Acho que o senhor não
entendeu bem a situação, então vou explicar-lhe. – Takar se levantou e fez um
gesto, logo os guardas que rodeavam o salão sacaram suas espadas cercando o
rei, enquanto dois outros fecharam as portas. — Esta foi à mensagem que o
senhor recebeu hoje pela manhã. – disse jogando o pequeno papel enrolado aos
pés do homem cercado. — “Durante uma emboscada, ladrões roubaram todo o tributo
advindo de Ashanor e o Príncipe Erick agora está morto. O capitão da guarda Lector
único sobrevivente, agora segue viagem para relatar diretamente ao rei.” É
claro que eu também recebi a notícia e devo chegar a Turdália ao pôr do sol de
amanhã, onde lamentavelmente encontrarei meu pai, o rei, morto. Não aguentou a
perda de seu primogênito e cometeu suicídio.
— Pelos Deuses... Eu
criei um monstro. Você pretende matar a sua própria família para subir ao poder.
– Murmurou o rei consternado.
— Não... Ladrões e suicídio
– corrigiu – é que me colocarão no trono. Agora vamos ao que interessa meu senhor, o seu
suicídio. Vai cravar uma adaga no coração e ter um fim rápido, ou vai tomar
veneno e agonizar até a sua trágica morte? – finalizou acenando com a cabeça
para um ancião se aproximou do rei com uma adaga em uma mão e um pequeno frasco
na outra – vamos, escolha a forma como será contada a sua história.
— No fim das contas o
sangue bárbaro prevaleceu em você, bastardo! – Passou a mão na adaga saltando
pra cima de Takar.
Sangue.
— Um fraco até o final!–
sussurrou com a adaga cravada no peito do rei enquanto o via perder as forças
até cair no chão – Aqui começa o meu reinado. Vamos indo, tenho que chegar aqui
depois daqui a três dias pra receber a coroa. – Um sorriso sádico se manifestou
em seu rosto com a cena. Assim que Takar se distanciou do castelo o sino
começou a tocar.
Um rei havia morrido.
Na manhã seguinte o
reino todo estava alvoroçado com a notícia da morte do rei. Era um bom
governante, não cobrava impostos tão altos e não buscava guerras sem motivos.
Ao cair da noite chega
Takar, o príncipe bastardo, que agora herdaria o reino. O príncipe havia
galopado por três dias sem parar até chegar a Turdália, porem o cavalo parecia
em ótimo estado, como se tivesse apenas dado um passeio a trotes. Mas isso
passara despercebido já que as atenções estavam voltadas para as mortes na
família real.
— Onde está meu pai? –
perguntou Takar dissimuladamente ao descer do cavalo, como se nada tivesse
acontecido. O conselheiro balançou a cabeça com um sinal negativo.
— Sinto muito meu
príncipe. – O homem abaixou a cabeça – O conselho o aguarda meu senhor.
— Preciso ver meu pai
antes. – Takar começou a caminhar.
— Seria melhor o senhor
ir à sala do conselho meu senhor.
— Meu pai precisa de
mim Verno, tenho que vê-lo agora mesmo. – Príncipe levantou a voz dissimulando
raiva e angustia.
— É o seu pai meu príncipe...
Ele está morto.
...
O salão já estava cheio
de homens distintos de patentes e posições de respeito. Todos conversavam um só
assunto, o suicídio do rei. O grupo se dividia entre os que acreditavam em
conspiração e ato de guerra enquanto outros defendiam o fato de o rei ter tirado
a própria vida. A pressa em coroar o novo rei era eminente e justificável. Um
grande reino sem rei era uma grande tentação ao equilíbrio do poder em
Asttatus. Os outros grandes reinos poderiam se sentir tentados a começar uma
guerra. Mesmo um rei jovem e inexperiente já seria uma grande tentação. Algo
assim já havia acontecido antes e todos sabiam o quão frágil é o equilíbrio do
poder entre as raças.
A porta se abriu num
rompante. Takar entrou na sala imponente e sério. Todos se calaram ao vê-lo.
— Alguém pode me
explicar o que é que está acontecendo aqui? – indagou Takar com voz firme –
Dois membros da realeza acabam de morrer. Alguém pode me explicar isso?_ ele
terminou dando um soco na mesa aparentando estar muito irritado.
— O Rei Eurick recebeu
um peregrino informando a morte do Príncipe Erick, e enlouqueceu tirando a
própria vida em seguida. – Dilga se pronunciou com voz gaguejante.
— Eu já disse Eurick
nunca faria uma coisa dessas. – o homem bem vestido se prontificou no mesmo
instante – Eu conheço meu irmão e ele não era esse tipo de pessoa.
— Pelo que sei o senhor
nunca perdeu um filho, tio Henrick. – Takar inferiu – Perdeu um irmão e já está
falando em conspiração. Imagine perder um irmão e um pai ao mesmo tempo. – todos
se entreolharam – O que aconteceu, aconteceu. Vamos tratar de dar funerais
adequados a eles e depois resolvemos o resto. – Finalizou e saiu porta a fora.
...
O altar foi posto na
frente do castelo, frente aos súditos como mandava a tradição. A guarda
mantinha a multidão a certa distância. Todos os nobres alinhados desde o portão
da frente do castelo até o altar, formando um corredor humano. O portão se
abriu. Takar surgiu carregando o corpo do rei envolto num tecido branco
imaculado. A tradição dizia que o primogênito e herdeiro é que devia carregar o
corpo do pai, simbolizando que dali em diante ele é que carregaria o fardo e
responsabilidades assumindo o lugar do morto, porém com o primogênito morto,
sobrara apenas Takar, o bastardo que por ironia do destino agora era o herdeiro
de direito. Assim que Takar começou a
andar as trombetas começaram a ecoar numa marcha fúnebre. Ele caminhou até o
altar e pousou o corpo do pai sobre ele. Um dos soldados se aproximou e o
entregou duas moedas de ouro, ele as pegou e colocou uma em cada olho do morto,
deu dois passos para trás e outros soldados fecharam a coivara. O som das
trombetas cessaram. Outro soldado o entrou uma tocha acesa. Ele se aproximou e
ateou fogo, pondo fim ao reinado do rei Eurick.
— Vou fazer o que você
não teve coragem. Colocar o reino humano no topo que é o seu lugar. – Sussurrou
Takar em despedida ao seu antecessor.
*E.5.:
Era dos 5
*1793:
Ano
*7/2:7°
dia da 2° quinzena
*VER.:
Verão
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